sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
Tratado com os Hititas
Realizando escavações em Qantir, 120 quilômetros ao norte do Cairo, em setembro de 2003, pesquisadores alemães encontraram um pequeno pedaço de barro com apenas 5 por 5 centímetros de lado mas de grande importância arqueológica. Trata-se de um trecho de correspondência trocada entre o rei dos hititas, Hattousil III, e Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.) e seu achado naquele local parece confirmar a localização da capital daquele faraó, a cidade de Pi-Ramsés, no delta do Nilo. A peça apresenta uma coloração vermelho escura na superfície e vermelho-laranja em seu interior. Uma de suas faces está quase completamente corroida, com apenas dois ou três sinais preservados. O outro lado, entretanto, mostra a parte final de 11 linhas, oito das quais estão muito bem conservadas. Grafada em caracteres cuneiformes, a escrita diplomática da época, a peça, embora pequena e mal preservada, faz referência ao tratado de paz egípcio-hitita firmado em 1269 a.C., após muitos anos de conflitos. A escrita cuneiforme foi inventada por volta de 3300 a.C. pelos sumérios e usada em todo o Oriente Médio até o século I da nossa era. Outras peças grafadas em cuneiforme já haviam sido descobertas anteriormente na Turquia e em Tell el-Amarna, a capital do reinado de Akhenaton (c. 1353 a 1335 a.C.). Ramses II casou-se com uma princesa hitita para fortalecer a paz firmada com o império da Anatólia central e assim poder concentrar-se na ameaça que surgia na Mesopotâmia, onde o império assírio despontava como uma grande força guerreira.
Um sumo sacerdote do templo de Amon-Rá, chamado Kakar, teve sua estátua desenterrada pelos arqueólogos, na primeira quinzena de agosto de 2003, na área de Tel Basta, situada 80 quilômetros a nordeste do Cairo. Datada do Império Novo (c. 1550 a 1070 a.C.) e feita de calcário, a peça tem 70 centímetros de altura e mostra o indivíduo sentado sobre uma almofada, usando as vestes sacerdotais e uma peruca, com inscrições referentes à deusa Hátor, deusa do amor e da beleza, na parte frontal. No pedestal estão inscritos os títulos e a posição de Kakar na hierarquia do templo. Na parte posterior há quatro colunas de hieróglifos que mencionam vários deuses egípcios adorados naquela região, como Amon, Osíris, Anúbis e Ptah. A pequena estátua foi encontrada junto ao templo de Amon-Rá de Tel Basta. Na mesma ocasião foram achados vários pilares otogonais que devem ter pertencido ao pátio aberto do templo. Os arqueólogos esperavam, então, descobrir uma extensão de um templo já conhecido do XIV século a.C., dedicado a Amon-Rá e construído por Ramsés II (c. 1290 a 1224 a.C.), ou outro templo também dedicado àquela divindade. Tudo isso acrescenta maior significado histórico ao sítio arqueológico, pois ali floresceu uma das capitais do Egito antigo bem como o principal centro de culto da deusa gata Bastet, a cidade de Bubastis, cujo nome, inclusive, aparece citado na estátua.
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