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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Ramsés III foi assassinado com corte na garganta

 
Muitos são capazes de lembrar-se de Ramsés III (20ª Dinastia) graças ao famoso episódio da “Conspiração do Harém”, em que Tiye, a segunda esposa do faraó, com o auxílio de cúmplices, arquiteta um plano para assassinar o governante. Esta história é conhecida devido a um papiro (hoje localizado em Turim, Itália) que narra o julgamento dos traidores, mas que infelizmente não deixa claro se afinal Ramsés III foi morto ou não.
Ramsés III. Disponível em < http://www.lavanguardia.com/cultura/20121218/54358078686/ ramses-iii-murio-golpe-estado-rajaron-garganta.html >. Acesso em 18 de Dezembro de 2012.
O objetivo de Tiye era por no trono seu filho Pentawer, porém, a primeira esposa de Ramsés III, Isís, também possuía um filho, o qual era o principal herdeiro do trono.
Embora para muitos um harém seja considerado um espaço para o prazer sexual, no Egito estes lugares funcionavam como qualquer outro edifício político, com a diferença de que neles eram realizadas parte da educação das princesas e príncipes reais, além de acordos administrativos.
O corpo preservado de Ramsés III foi redescoberto em 1881*, no esconderijo das múmias reais (TT320), em Deir el Barahi. Anos depois, durante a década de 1960, a múmia foi submetida a uma radiografia, porém não foi encontrado nada que indicasse violência [1].
Mais um exame não invasivo na múmia:
Este ano, a múmia foi submetida a outro exame, desta vez com um aparelho de tomografia computadorizada (CT-Scan). A interpretação das imagens foi realizada pelo professor de radiologia Albert Zink (que também já analisou a múmia “Otzi”, da Itália) e uma equipe com outros radiologistas, além de especialistas em análise molecular e um paleopatologista. O único profissional da área de humanas é o arqueólogo egiptólogo Zahi Hawass.
Múmia de Ramsés III. Imagem disponível em < http://www.bmj.com/content/345/bmj.e8268#aff-4 >. Acesso em 18 de Dezembro de 2012.
A conclusão da equipe parece indicar que os antigos conspiradores conseguiram alcançar o intento: A garganta de Ramsés III apresenta um corte abaixo da laringe que perfurou a traqueia em tal profundidade que provavelmente ocasionou uma morte imediata [1], o esôfago e algumas artérias também foram comprometidas, dificilmente alguém sobreviveria a um ferimento destes. Na ferida foi encontrada um objeto no formato do “Olho de Hórus”[1][2], amuleto com fins curativos e que deve ter sido posto no local para que a lesão fosse curada e o faraó pudesse desfrutar de uma boa saúde física no “Além”.
Figura da tomografia de Ramsés III. A legenda “Olho de Hórus” é uma alteração posterior do Arqueologia Egípcia. As setas e estrelas são do artigo original mostrando áreas de fratura e intervenção da resina durante a mumificação. Imagem disponível em < http://www.bmj.com/content/345/bmj.e8268#aff-4 >. Acesso em 18 de Dezembro de 2012.
Figura retirada da tomografia de Ramsés III. Devido ao formato foi deduzido que se trata de um ‘Wedjat’, ou seja, um “Olho de Hórus”. Imagem disponível em < http://www.bmj.com/content/345/bmj.e8268#aff-4 >. Acesso em 18 de Dezembro de 2012.
Exemplos de Wedjat (Olho de Hórus) encontrados em outros sítios arqueológicos. Estes artefatos eram encontrados em estilos diferentes, mas sempre com a mesma ideia em relação a forma. Imagem disponível em ANDREWS, Carol. Amulets of Ancient Egypt. Londres: British Museum Press, 1994. Pág. 39
No mesmo esconderijo em que foi encontrada a múmia de Ramsés III estava o do “Homem Desconhecido E”, conhecido no Brasil como “A Múmia que Grita”, graças ao programa “Egito Revelado”, da Discovery Channel. Uma análise de DNA, também realizada durante esta pesquisa, apontou que ele era filho de Ramsés III e devido a forma desonrosa como foi sepultado (coberto com uma pele de carneiro e com uma mumificação deficiente) arqueólogos e historiadores acreditam que se trata de Pentawer.
O “Homem Desconhecido E”. A cor da fotografia foi alterada em respeito a alguns dos leitores. Imagem disponível em < http://anubis4_2000.tripod.com/UnknownManE/ManE.htm >. Acesso em 18 de Dezembro de 2012.
A conclusão do trabalho:
Durante a discussão no artigo publicado pela a equipe, é dado a entender que de fato os conspiradores conseguiram matar Ramsés III, porém é importante que fique claro aqui para os leitores que não existe a certeza de que foi justamente este grupo que assassinou o faraó. O papiro da conspiração pode estar narrando só um evento isolado.

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