Capela Tumular
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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
Megálitos no Saara
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Um grupo de enormes lajes de pedra encontradas no Deserto do Saara egípcio, cerca de 100 quilômetros a oeste de Abu Simbel, datadas de cerca de 6500 a 6000 anos atrás, é o mais antigo conjunto de megálitos astronomicamente alinhados existente no mundo. Conhecido como Nabta, o local é formado por um círculo de pedra, uma série de estruturas de pedra planas e horizontais semelhantes a lajes tumulares, e cinco fileiras de megálitos que permanecem em pé ou tombados. O círculo mede 3 metros e 65 centímetros de diâmetro e apresenta quatro conjuntos de lajes verticais. Dois deles estavam alinhados na direção norte-sul, enquanto que os demais, alinhados na direção leste-oeste, apontam para o nascer helíaco da estrela Sírius, ou seja, o ponto no horizonte leste onde ela aparecia pouco antes do nascer do Sol. O fenômeno indicava a primeira aparição anual daquela estrela acima do horizonte oriental. Este momento coincidia, aproximadamente, com o solstício de verão e a inundação provocada pelas cheias do Nilo. As pedras foram posicionadas e usadas de modo a ajudar a marcar o transcurso das estações e determinar a época das chuvas para a agricultura. Todo esse agrupamento de rochas provavelmente servia como calendário e como templo.
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MEGÁLITO = Pedra monumental dos tempos pré-históricos.
Túmulo do Rei Escorpião
A localidade de Abido pertencia ao oitavo nomo do Alto Egito e está situada 482 quilômetros ao sul do Cairo, na margem ocidental do Nilo, e a cerca de 15 quilômetros do rio. Ela se estende por 8 quilômetros quadrados e contém restos arqueológicos de todos os períodos da história antiga do Egito. Em 1998 foi encontrado no local um túmulo datado de 150 anos antes do início da I dinastia (c. 2920 a 2770 a.C.), ou seja, de 3170 a.C., aproximadamente. A tumba é elaborada, revestida de tijolos, com portas e janelas. Tem doze câmaras e mede cerca de 8,20 metros por 7,30 metros. Ao ser descoberta ela ainda continha muito equipamento funerário. Havia grande quantidade de diferentes tipos de cerâmica egípcia e mais de 200 jarros de vinho, provavelmente importados da Palestina. Também havia, aproximadamente, 150 rótulos de marfim ou de ossos, muitos dos quais estiveram aparentemente presos a tecidos de linho. Muitas das inscrições nos rótulos são legíveis, com sinais e hieróglifos bem claros. O sinal que surge mais freqüentemente é um escorpião, às vezes em conjunto com uma planta. Especula-se que ou o rei Escorpião foi enterrado ali, ou era uma figura conhecida naquele lugar. Também foram desenterrados, em um dos armazéns da tumba, centenas de jarros de vinho importados de Canaã. Havia traços de um santuário de madeira no chão da câmara funerária e no canto nordeste foi achado um cetro de marfim perfeito, em forma de cajado.
Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria
Em meados de 1997 estava sendo construída uma via expressa em Alexandria quando os operários arrebentaram o teto de uma imensa necrópole que se encontrava escondida por sob o asfalto. O fato não é de todo surpreendente porque a moderna cidade de Alexandria foi construída sobre a antiga Alexandria dos Ptolomeus, cuja última representante foi Cleópatra. O arqueólogo francês Jean-Yves Empereur identificou essa necrópole como a mesma descrita pelo historiador grego Estrabão no ano 25 a.C. Nela os mortos estavam sepultados em nichos dispostos uns sobre os outros, formando paredes de até sete andares e parece que tal cemitério funcionou sem interrupção durante dez séculos
A localidade de Abido pertencia ao oitavo nomo do Alto Egito e está situada 482 quilômetros ao sul do Cairo, na margem ocidental do Nilo, e a cerca de 15 quilômetros do rio. Ela se estende por 8 quilômetros quadrados e contém restos arqueológicos de todos os períodos da história antiga do Egito. Em 1998 foi encontrado no local um túmulo datado de 150 anos antes do início da I dinastia (c. 2920 a 2770 a.C.), ou seja, de 3170 a.C., aproximadamente. A tumba é elaborada, revestida de tijolos, com portas e janelas. Tem doze câmaras e mede cerca de 8,20 metros por 7,30 metros. Ao ser descoberta ela ainda continha muito equipamento funerário. Havia grande quantidade de diferentes tipos de cerâmica egípcia e mais de 200 jarros de vinho, provavelmente importados da Palestina. Também havia, aproximadamente, 150 rótulos de marfim ou de ossos, muitos dos quais estiveram aparentemente presos a tecidos de linho. Muitas das inscrições nos rótulos são legíveis, com sinais e hieróglifos bem claros. O sinal que surge mais freqüentemente é um escorpião, às vezes em conjunto com uma planta. Especula-se que ou o rei Escorpião foi enterrado ali, ou era uma figura conhecida naquele lugar. Também foram desenterrados, em um dos armazéns da tumba, centenas de jarros de vinho importados de Canaã. Havia traços de um santuário de madeira no chão da câmara funerária e no canto nordeste foi achado um cetro de marfim perfeito, em forma de cajado.
Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria Necrópole em Alexandria
Em meados de 1997 estava sendo construída uma via expressa em Alexandria quando os operários arrebentaram o teto de uma imensa necrópole que se encontrava escondida por sob o asfalto. O fato não é de todo surpreendente porque a moderna cidade de Alexandria foi construída sobre a antiga Alexandria dos Ptolomeus, cuja última representante foi Cleópatra. O arqueólogo francês Jean-Yves Empereur identificou essa necrópole como a mesma descrita pelo historiador grego Estrabão no ano 25 a.C. Nela os mortos estavam sepultados em nichos dispostos uns sobre os outros, formando paredes de até sete andares e parece que tal cemitério funcionou sem interrupção durante dez séculos
os rituais
A maioria dos sacerdotes tinha muito pouco contato com a estátua de culto da divindade, o ponto focal de qualquer templo, embora paramentá-la fosse a atividade mais importante do templo, executada pelos sacerdotes de categoria superior. O ritual seguido pela maioria dos templos estava baseado naquele adotado pelo templo do deus-Sol em Heliópolis desde tempos remotos. Nele a imagem de culto era defumada, lavada, untada, vestida e, finalmente, presenteada com uma refeição. Uma enorme variedade de alimentos, a qual incluia carne de gado, peixe, pato, pão, frutas e legumes, era ofertada aos deuses e ao espírito dos mortos. Depois que a divindade houvesse consumido a essência espiritual da comida, os restos materiais eram divididos entre os sacerdotes. Baseado em um papiro que atualmente de encontra no Museu de Berlim e nas esculturas existentes nos templos, o arqueólogo Alan W. Shorter nos descreve a liturgia do deus Amon-Rá em Karnak. Ele escreve:
Primeiro, o celebrante entra no santuário e acende uma chama em seu turíbulo. O turíbulo egípcio não era do tipo oscilante, consistindo numa comprida peça de metal em forma de braço, em cuja mão havia um pequeno recipiente de barro para o incenso. Recitando as palavras da liturgia, o celebrante avançava na direção do relicário contendo a imagem do deus e, ao concluir a purificação preliminar do santuário e de si próprio, passava a romper as cordas de papiro e o lacre de barro que protegiam as fechaduras do relicário. Após retirar as fechaduras, abria com violência as portas de madeira, contemplava o deus face a face e recitava:
A maioria dos sacerdotes tinha muito pouco contato com a estátua de culto da divindade, o ponto focal de qualquer templo, embora paramentá-la fosse a atividade mais importante do templo, executada pelos sacerdotes de categoria superior. O ritual seguido pela maioria dos templos estava baseado naquele adotado pelo templo do deus-Sol em Heliópolis desde tempos remotos. Nele a imagem de culto era defumada, lavada, untada, vestida e, finalmente, presenteada com uma refeição. Uma enorme variedade de alimentos, a qual incluia carne de gado, peixe, pato, pão, frutas e legumes, era ofertada aos deuses e ao espírito dos mortos. Depois que a divindade houvesse consumido a essência espiritual da comida, os restos materiais eram divididos entre os sacerdotes. Baseado em um papiro que atualmente de encontra no Museu de Berlim e nas esculturas existentes nos templos, o arqueólogo Alan W. Shorter nos descreve a liturgia do deus Amon-Rá em Karnak. Ele escreve:
Primeiro, o celebrante entra no santuário e acende uma chama em seu turíbulo. O turíbulo egípcio não era do tipo oscilante, consistindo numa comprida peça de metal em forma de braço, em cuja mão havia um pequeno recipiente de barro para o incenso. Recitando as palavras da liturgia, o celebrante avançava na direção do relicário contendo a imagem do deus e, ao concluir a purificação preliminar do santuário e de si próprio, passava a romper as cordas de papiro e o lacre de barro que protegiam as fechaduras do relicário. Após retirar as fechaduras, abria com violência as portas de madeira, contemplava o deus face a face e recitava:
Estão abertas as duas portas do céu! Estão descerradas as duas portas da terra! Geb vos saúda, dirigindo-se aos deuses que o assistem de seus assentos: "Os céus se abriram, a companhia dos deuses resplandece!Dominado pelo esplendor de Amon, — prossegue Alan Shorter — o celebrante se lançava ao chão e, de bruços, beijava-o diante do relicário. Erguendo-se de novo, entoava um hino de louvor e, então, ofertava à estátua uma essência de mel e a defumava com incenso. A parte preliminar da cerimônia estava concluída; agora, após tirar a estátua do relicário e depositá-la sobre um montinho de areia, o sacerdote dava início à parte mais importante da liturgia, o aviamento propriamente dito do deus. Primeiro, lavava a imagem com água dos vasos sagrados, exclamando:
Amon-Rá, Senhor de Karnak, seja louvado em seu grande assento!
O Grande Nove seja louvado em seus assentos!
A beleza deles é tua, ó Amon-Rá, Senhor de Karnak!"
Purificado, purificado está Amon-Rá, Senhor de Karnak! Receba de Hórus a água de seu olho; que seja dado seu olho, que lhe seja dada sua cabeça, que lhe sejam dados seus ossos e lhe seja firmada sua cabeça sobre seus ossos na presença de Geb!O sumo sacerdote tornava a perfumar a imagem com incenso e, então, cobria-lhe a cabeça com uma touca branca e a enfeitava com vestes verdes e vermelhas, coroando-a com o seu diadema especial, colocando cetros em suas mãos, braceletes em seus braços e tornozeleiras em suas pernas. A seguir, a estátua era untada com ungüento e suas pálpebras pintadas, primeiro com cosméticos verdes e, logo a seguir, pretos. O celebrante recolocava então a estátua no relicário e dispunha uma farta provisão de alimentos e bebidas sobre uma mesa à sua frente, tornando a queimar incenso em seu turíbulo, provavelmente para que a essência espiritual do alimento fosse transferida ao deus pela fumaça. Encerrada a liturgia, as portas do relicário eram fechadas e trancadas, e o celebrante, após apagar as marcas de suas próprias pegadas no piso, deixava o santuário
Os Sacerdotes
Os sacerdotes trabalhavam nos templos administrando os rituais diários de vestir, alimentar e pôr para dormir as imagens esculpidas que representavam as deidades às quais os templos eram dedicados. O santuário mais recôndito do templo era considerado como o quarto do deus ou da deusa, onde suas necessidades domésticas eram satisfeitas. Nos templos mortuários, os sacerdotes administravam cerimônias semelhantes para nutrir o ka de um faraó falecido ou de um nobre.
Gostaria de saber a qual dos dois reinos (Alto ou Baixo Egito) pertencem as coroas vermelha e branca dos faraós egípcios.
R – A Coroa Branca (hedjet), na ilustração ao lado na cabeça de Tutankhamon, correspondia ao Alto Egito e a Coroa Vermelha (decheret) ao Baixo Egito. Elas transformaram-se em uma só, a Coroa Dupla (pschent), depois que as duas terras foram unificadas. Durante as batalhas ou por ocasião de cerimônias militares, o rei usava uma Coroa Azul de Guerra (kheprech). |
Gostaria de ter informações sobre a III dinastia egípcia, porque estou fazendo uma pesquisa. |
R – Posso informar-lhe que os faraós daquela dinastia foram: Djoser (c. 2630 a 2611 a.C.) Sekhemkhet (c. 2611 a 2603 a.C.) Khaba (c. 2603 a 2599 a.C.) Huni (c. 2599 a 2575 a.C.) Djoser ficou famoso por ter mandado construir a pirâmide de degraus em Saqqara, que é o mais antigo edifício de pedra daquelas dimensões do mundo. Sua época foi vista, mais tarde, como uma idade de ouro do empreendimento e do saber. Sekhemkhet pretendia construir um monumento mais grandioso que o de Djoser, mas o empreendimento, conhecido atualmente como a pirâmide enterrada, quase não passou do nível do chão. Após o seu reinado seguiu-se um período obscuro para os arqueólogos. Ao faraó Khaba é atribuída a construção de uma pirâmide na localidade de Zawyet el-Aryan, conhecida como pirâmide em camadas. Finalmente, acredita-se que Huni foi o faraó responsável pelo início da construção da pirâmide de Meidum, a qual, entretanto, ficou inacabada, tendo sido concluída por seu sucessor, Snefru. |
Eu gostaria de ter alguma informação sobre os faraós da XVII dinastia. Não acho em lugar algum! |
R – Não é de estranhar que você não tenha encontrado informações sobre os faraós da XVII dinastia, uma vez que esta é uma das menos conhecidas dentre as 30 dinastias de que se tem notícia. O que posso lhe dizer é que ela se estendeu, aproximadamente, de 1640 a 1550 a.C. e foi formada por numerosos faraós tebanos. Eis os nomes de alguns deles: Nubkeperre Sebekemzaf I Nebireyeraw Sebekemzaf II Tao I Tao II Kamósis (c. 1555 a 1550 a.C.). Com Seqenenre Tao II, os tebanos começaram a luta para expulsão dos Hicsos. O primeiro episódio da batalha só é conhecido através de uma história da época do Império Novo: a Querela de Apophis [rei dos Hicsos] e de Seqenenre. A múmia desse faraó mostra que ele morreu de morte violenta, talvez em batalha. Duas estelas do seu sucessor, Kamósis, descrevem importantes escaramuças entre Tebas e os Hicsos, que se aliaram aos reis núbios. Kamósis chegou quase até Avaris, capital dos Hicsos, e estendeu as suas campanhas, a sul, até Buhen, mas nada sabemos dele após o terceiro ano. Foi o sucessor de Kamósis, Amósis (c. 1550 a 1525 a.C.), já da XVIII dinastia, que expulsou finalmente os Hicsos, por volta de 1532 a.C. — muitos anos depois das tentativas de Kamósis. |
Estou fazendo um trabalho sobre a medicina no Egito antigo e não acho material em lugar algum. Caso você tenha uma dica seria bem vinda. |
R – Acesse minha home page e consulte, na seção Vida Cotidiana, o item As Ciências. Aí, com certeza, encontrará as informações de que necessita para o trabalho. Não deixe de clicar também em dois links daquela página — mumificação e ginecologistas — pois eles lhe fornecerão dados adicionais e muito interessantes. |
Gostaria de saber qual é o idioma falado no Egito nos dias de hoje e qual o falado no antigo Egito, mais precisamente na época de Ramsés II, XIX dinastia. |
R – Com relação ao Egito atual, saiba que sua população é constituída de 93% de muçulmanos e que sua escrita, língua e costumes são árabes. Os arqueólogos denominam de egípcio médio a língua falada na corte egípcia no decorrer do Império Médio (c. 2040 a 1640 a.C. - XI a XIV dinastias). Ela sobreviveu como língua escrita até o final da civilização egípcia antiga e como língua falada modificou-se gradualmente e o egípcio médio passou a ser considerado uma língua clássica pelos próprios egípcios e continuou a ser usada em certos contextos devido ao seu prestígio e status sagrado. A maioria dos textos escritos em hieróglifos foram redigidos em egípcio médio. No Império Novo (c. 1550 a 1070 a.C. - XVIII a XX dinastias) a evolução da língua falada nos anos anteriores resultou numa linguagem modificada que os estudiosos denominam de egípcio tardio. Ela foi empregada nos documentos hieráticos da XIX e XX dinastias. Nos séculos VII e VI a.C. o demótico suplantou o egípcio tardio como língua falada no Egito. No segundo século da era cristã textos mágicos egípcios começaram a ser escritos com letras gregas e a partir do século IV adotou-se o copta que, gradualmente, cedeu lugar ao árabe após 640 d.C. |
Com relação aos símbolos egípcios, gostaria de saber o que significa aquela figura do olho. |
R – O olho é o símbolo mais comum no pensamento egípcio e o mais estranho para nós. A afirmativa é do professor T. Rundle Clark que no seu livro Símbolos e Mitos do Antigo Egito ensina que ele era sempre símbolo da Grande Deusa, qualquer que seja o nome que ela possa ter tido em qualquer caso particular. A palavra egípcia para essa simbologia era Uedjat, que significa A Vigorosa. Aquele autor ainda afirma que a ampla difusão do símbolo do olho deve ter se baseado na experiência cotidiana. A maioria das pessoas era sensível à força e à vitalidade que parecem residir no olho. O olho tornou-se símbolo da força destruidora, da luz cegante, do fogo e das emoções como a ira e a fúria incontroláveis. A mitologia conta que o Olho do Deus Supremo foi enviado em importante missão. A palavra olho em egípcio é um substantivo feminino e, assim, o olho é a filha do Deus Supremo. Quando voltou da missão, descobriu ter sido suplantada na face do Supremo por um olho substituto. Irado o olho derramou lágrimas e daí adveio toda a humanidade sendo, portanto, o olho também a Deusa Mãe. Em síntese: o Olho do Deus Supremo é a Grande Deusa do Universo em seu aspecto terrível. Ele é a força de ataque do Deus Supremo em todas as suas manifestações. O olho é também a Deusa Mãe, porque toda a humanidade veio das lágrimas do olho. |
Gostaria de receber informações, se possível, sobre Néftis, irmã de Ísis. |
R – Segundo a mitologia egípcia, Geb, o deus-Terra e Nut, deusa do céu, geraram quatro deuses: Osíris e sua esposa Ísis, Seth e sua esposa Néftis. Esses seis deuses citados e mais o deus Shu, personificação do ar, a deusa Tefnut, personificação do orvalho e ainda Rá, o deus-Sol, o deus supremo, formavam os Nove (enéade) de Heliópolis, a mais importante congregação de deuses do panteão egípcio. A deusa Néftis representou importante papel nesse panteão pois, apesar de ser esposa de Seth, inimigo de Hórus, permaneceu solidária com sua irmã Ísis quando Osíris foi assassinado e os pedaços de seu corpo espalhados por todo o Egito. Ela é sempre representada, juntamente com Ísis, ao lado de Osíris no salão onde se realizava o julgamento dos mortos. Ela era também uma das quatro deusas guardiãs dos vasos canopos. Veja no meu site, na seção Panteão Egípcio, que você pode acessar a partir da home page, outras informações sobre essa deusa, inclusive seu nome escrito em hieróglifos, bem como sobre os demais deuses citados nessa resposta. |
Gostaria de saber se possuis alguma informação sobre Ramsés II. |
R – Ramsés II foi considerado o maior faraó egípcio. Teria subido ao trono com apenas 16 anos de idade (veja a resposta seguinte). Embora tivesse outros irmãos de sangue mais velhos, quando seu pai morreu tomou o poder, afirmando que seu pai o destinara ao trono desde o princípio. Seu reinado durou 67 anos e durante esse período o Egito manteve-se sempre em pleno desenvolvimento. Um dos feitos mais marcantes desse faraó foi a famosa batalha de Kadesh, na qual ele enfrentou os hititas e que teve um desfecho indeciso, mas Ramsés a fez representar em seus monumetos como uma grande vitória. Ele cobriu o Egito de templos e estátuas, além de usurpar monumentos de reis anteriores. São especialmente famosos os seus templos rupestres (escavados na rocha) da localidade chamada Abu Simbel (Núbia), os quais foram transportados para outro local quando se construiu a barragem de Assuão. A título de curiosidade, saiba que esse faraó teve — segundo os historiadores afirmam — mais de 160 filhos! Seu primogênito, de nome Khaemouast e grande sacerdote do deus Ptah, morreu no ano 55 do longo reinado de Ramsés II e, assim, outro filho do faraó, Merneptah (c. 1224 a 1214 a.C.), subiu ao trono do Egito. Ele era o 14º da linha sucessória e, portanto, havia uma dúzia de príncipes separando-o do trono, mas não há provas de que ele tenha feito algo para superar esse obstáculo. Supõe-se que teria assumido o poder já com 60 anos de idade, embora não haja certeza a esse respeito. |
Tenho lido informações divergentes sobre a idade com a qual Ramsés II assumiu o poder. Poderia me esclarecer? |
R – Realmente os autores não são unânimes a esse repeito: falam de 16, 18 ou até 22 anos. Pesquisei a opinião de Pierre Montet — um dos mais conceituados egiptólogos, com vários livros publicados — e ele afirma que Ramsés II reinou por 67 anos, o que é atestado, principalmente, por uma estela na qual Ramsés IV deseja a si mesmo um reinado tão longo quanto os 67 anos de reinado de Ramsés II. E Montet prossegue: Sempre estará faltando alguma coisa com relação a essas afirmativas cronológicas. Não sabemos nem mesmo a data da sua ascensão ao trono ou a data do seu nascimento. Existem ainda maiores causas de incerteza, pois Ramsés II era o segundo filho de Seti I, e tornou-se príncipe herdeiro apenas com a morte do seu irmão mais velho. |
Li sobre a cidade de PI-Ramsés nos livros de Christian Jacq e gostaria de saber se tal cidade realmente existiu e, em caso afirmativo, qual é o nome dela na atualidade. |
R – A cidade de PI-Ramsés realmente existiu. Seu nome significa Casa de Ramsés e estava localizada na região do Delta oriental, próximo da moderna aldeia de Qantir, situada a 120 quilômetros ao norte do Cairo. Para lá Ramsés II transferiu a capital do Egito, pois o centro econômico e internacional do país havia se deslocado para o Delta e também porque sua família era originária daquela região. Em PI-Ramsés ou Per-Ramsés localizava-se o palácio dos raméssidas, de suntuosidade impressionante e que dispunha, inclusive, de um enorme zoológico. As paredes interiores do palácio eram decoradas com lindíssimos mosaicos de cerâmica. Foi daí que Ramsés II partiu, no quinto ano do seu reinado, em campanha contra os Hititas. Em 1998, arqueólogos encontraram as ruínas da cidade soterrada sob dunas e, usando sensores magnéticos e computadores, fizeram um desenho fiel da disposição de suas ruas, casas e palácios. Acredita-se que serão necessários 20 anos de escavações para desenterrar os principais setores da cidade, que ocupa uma área de cerca de 240 acres repleta de templos, agradáveis moradias, oficinas, estrebarias e outros edifícios. |
Procuro alguma coisa sobre o Faium (local onde encontraram as primeiras provas da agricultura sedentária praticada pelo homem primitivo). |
R – O Faium é uma extensa região à beira de um lago, localizada a oeste do vale do Nilo e ao sul de Mênfis. O faraó Amenemhet I, da XII dinastia, que reinou entre 1991 e 1962 a.C., transportou para a região do Faium a sua capital, ganhando assim um 450 km de novos terrenos cultiváveis. A nova capital foi estabelecida na cidade de Iti-tauí. Os faraós da XII dinastia construíram suas pirâmides em localidades próximas a esta capital. Atribui-se a Amenemhet III (1844 a 1797 a.C.), também da XII dinastia, a construção de um imenso palácio e obras de drenagem e colonização agrícola naquela região. Em conjunto, os reis da XII dinastia trouxeram prosperidade ao Egito, restaurando o poder do faraó e voltando-se para a valorização do solo do país, sobretudo no Faium, do qual tais soberanos fizeram um verdadeiro oásis e, à sua volta, construíram suas residências. |
Sei que existe no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, no Rio, uma múmia de mulher enfaixada com os braços separados do resto do corpo. Li em algum lugar que existe uma múmia de homem com as mesmas características. Poderia me esclarecer? |
R – A múmia dessa mulher, provavelmente uma princesa, do período romano, é um dos maiores destaques daquele museu, justamente porque a maneira pela qual foi embalsamada, com as pernas e braços livres, a torna extremamente rara. Ao que se saiba, há somente outras sete múmias enfaixadas desse modo, abrigadas em museus europeus. Há três na Inglaterra, duas em Liverpool, ambas femininas, e uma masculina no Museu Britânico de Londres; outras três na Holanda, em Leiden, e uma na França, de uma criança, no Museu Calvet em Avignon. Pelo que dizem os documentos do Império, D. Pedro I, em 1827, aconselhado por José Bonifácio, mandou arrematar em hasta pública cinco múmias e outros objetos egípcios e doou-os àquele Museu. As múmias estavam encerradas em ataúdes de sicômoro e, além delas, também faziam parte do lote vários amuletos, ânforas, estelas, cabeças, mãos e pés humanos, bem como corpos de animais mumificados. O vendedor, um italiano chamado Nicolau Fiengo, recebeu dos cofres públicos cinco contos de réis, pagos em três parcelas com vencimentos de 6, 12 e 18 meses após a data da compra. |
Gostaria de saber se as histórias bíblicas do antigo Egito (José, Moisés, o filme Os Dez Mandamentos) são verídicas ou contos hebraicos. |
R – Saiba que os fatos relatados nas histórias bíblicas sobre José, Moisés, ou até mesmo no filme Os Dez Mandamentos estão históricamente comprovados. É claro que em toda obra de arte (livro, vídeo, filme, etc.) existe sempre uma certa liberdade na criação, mas o cerne destas histórias é verdadeiro. Se desejar aprofundar-se no assunto, procure o livro E a Bíblia Tinha Razão, de Werner Keller, da Editora Melhoramentos. |
Quem era o faraó no tempo em que se deu o êxodo dos hebreus do Egito? |
R – Os autores não são unânimes com relação a esta questão. Muitos consideram que aquele fato teria ocorrido durante o reinado de Ramsés II (c.1290 a 1224 a.C); outros acham que aconteceu aproximadamente entre 1306 e 1290 a.C., época do faraó Seti I. Já o eminente egiptólogo Pierre Montet discorda dessas teses. Ele situa o êxodo dos filhos de Israel no decorrer do reinado de Merneptah (c. 1224 a 1214 a.C.). Por sua vez, livros espíritas afiançam que revelações mediúnicas apontam esse último faraó como contemporâneo de Moisés, tendo sido ele, portanto, que suportou as pragas e viu seu exército sucumbir no Mar Vermelho. Por outro lado, chegou-se mesmo a dizer que o êxodo não passou de um mito popular, sem fundamento histórico, e que Moisés era uma figura puramente simbólica. A verdade é que nenhum documento egípcio menciona fatos tão espetaculares e a Bíblia não cita o nome do faraó sob cujo reinado teria acontecido a fuga. |
Queria saber se nos papiros egípcios há algum relato sobre José, filho de Jacó, como nos conta a Bíblia Sagrada. |
R – Nos papiros egípcios não há referências àquele personagem. Aliás, faltam vestígios sobre a estada de Israel no Egito. É muito de se estranhar pois, tendo sido ele grão-vizir do faraó, era um homem poderoso no Nilo. Infelizmente, porém, não só nada foi encontrado sobre José, mas também não foi descoberto qualquer documento ou monumento sobre esse período. Na realidade, há um vazio de informações no período que medeia entre os anos 1730 e 1580 a.C. em função da invasão dos hicsos e talvez isso explique a falta de informações. Foi justamente nessa época turbulenta de domínio estrangeiro que teve lugar a história bíblica de José e a estada dos filhos de Israel no Egito. Entretanto, há provas indiretas da autenticidade da história de José. Se desejar aprofundar-se no assunto, procure o livro E a Bíblia Tinha Razão, de Werner Keller, da Editora Melhoramentos. |
Poderia me enviar informações sobre Moisés? |
R – A Bíblia afirma que Moisés era um judeu da tribo de Levi, recolhido pela filha do faraó nos canaviais do Nilo. Sua mãe ali o colocara para que a princesa o encontrasse e o adotasse, salvando-o, assim, da perseguição do faraó às crianças masculinas do povo de Israel. O nome pode ser egípcio se considerarmos a presença do elemento "m-s" que significa filho de. Talvez o nome fosse Hep-mosis, filho do Nilo, tendo o prefixo de origem desaparecido na tradição hebraica. Maneton, sacerdote egípcio a quem devemos as informações mais exatas sobre as dinastias faraônicas, afirma que Moisés foi um sacerdote de Osíris. Já adulto, narra a Bíblia, Moisés matou um egípcio que maltratava um hebreu e foi obrigado a fugir para Madiã, região próxima ao monte Sinai. Lá casou-se com Séfora, filha de Jetro, um sacerdote madianita. Foi lá, também, que recebeu a mensagem divina e a missão de retirar os filhos de Israel do Egito. Diante da intransigência do faraó que não quis permitir a saída dos hebreus, Deus enviou as dez pragas e só depois, então, tiveram permissão para a retirada. Entretanto, quando os hebreus já haviam iniciado a sua marcha, o faraó arrependeu-se de tê-los libertado e, à frente de 600 carros escolhidos e equipados com tropas de escol, foi-lhes ao encalço. Alcançou-os às margens do Mar Vermelho e foi então que Moisés, obedecendo às ordens do Senhor, levantou o seu cajado e estendeu a mão sobre as águas dividindo-as ao meio e permitindo que os filhos de Israel caminhassem a pé enxuto pelo meio do mar. Depois que o exército egípcio penetrou pelo centro da imensa massa de água fendida, novamente Moisés estendeu a mão sobre ela e o mar, em seu refluxo, cobriu os carros e os cavaleiros de todo o exército do faraó. Não escapou um só deles. A Biblia também conta que, no monte Sinai, Moisés recebeu diretamente de Javé as Tábuas da Lei, ou seja, os Dez Mandamentos, e que todo o povo de Israel vagou pelo deserto por 40 anos, ao fim dos quais chegaram a Canaã. Moisés, então com 120 anos, não entrou na Terra Prometida, mas avistou-a de longe antes de morrer. |
Gostaria de saber sobre as 10 pragas do Egito! Quais são? Existe alguma possibilidade delas terem ocorrido realmente?? |
R – As 10 pragas do Egito são as seguintes: 1) Toda a água do Nilo se transformou em sangue; 2) As rãs invadiram e cobriram toda a terra do Egito; 3) Os mosquitos invadiram e cobriram toda a terra do Egito; 4) As moscas invadiram e cobriram toda a terra do Egito; 5) Uma peste mortal atacou todos os cavalos, jumentos, camelos, bois e ovelhas; 6) Homens e animais ficaram cobertos de úlceras e pústulas; 7) Chuva de granizo e raios mataram tudo o que se achava nos campos; 8) Os gafanhotos invadiram e cobriram toda a terra do Egito; 9) Trevas espessas cobriram toda a terra do Egito por três dias; 10) Morreram todos os primogênitos dos egípcios, inclusive dos animais. Todos os detalhes você pode ler na Bíblia, Livro do Êxodo, capítulos 7 a 11. Sobre a possibilidade delas terem ocorrido realmente, respondo que no livro de Werner Keller intitulado E a Bíblia Tinha Razão, lemos o seguinte: O granizo é raríssimo no Egito, mas não desconhecido. As nuvens de gafanhotos são um flagelo típico das regiões do Oriente. O mesmo se dá com as trevas súbitas. O simum é um vento ardente que arrasta consigo grandes massas de areia. Estas escurecem o sol, dando-lhes uma cor baça e amarelada e fica escuro em pleno dia (ilustração acima). Só para a morte dos primogênitos não há explicação. O autor não se refere às outras seis pragas. |
A Bíblia diz que o rei Salomão, filho de Davi, casou-se com a filha de um faraó. Você sabe me dizer qual era o nome desse faraó? |
R – Salomão, cuja sabedoria — segundo a Bíblia — excedia a toda a sabedoria do Egito, casou-se, por razões políticas e diplomáticas, com a filha do faraó do Egito seu contemporâneo, o qual os historiadores acreditam tenha sido Psusennes II, último faraó da XXI dinastia, que reinou de 959 a 945 a.C. E, ainda segundo a Bíblia, o rei Salomão amou muitas mulheres estrangeiras, além da filha do faraó, as moabitas, as amonitas, as edomitas, as sidônias e as hititas. |
Gostaria de obter informações sobre Cleópatra, em português, e até o momento não consegui. Será que, como estudiosos do assunto, poderiam me ajudar? |
R – Cleópatra VII Filopátor era filha de Ptolomeu Aulete que faleceu em 51 a.C. Nessa época ela estava com aproximadamente 18 anos e subiu ao trono do Egito associando a ela seu irmão mais novo, Ptolomeu XIII. Cleópatra, cujo nome significa glória de seu pai, era, afirmam os historiadores, irascível, bela (?), enérgica, despótica, ávida de poder, mas detestável na corte e perante os súditos. Através de uma intriga palaciana, acusaram-na publicamente de tentar assassinar seu irmão. Ela então fugiu para junto das tribos árabes do deserto oriental, que já conhecia bem, e lá permaneceu até recrutar um exército. Quando tentou voltar a Alexandria, em 48 a.C., a armada de Ptolomeu a esperava. Enquanto as duas armadas se preparavam para o combate, o general romano Pompeu, fugindo de César que o derrotara em Farsália, chegava ao Egito para pedir socorro. Para ganhar as graças de César, os partidários de Ptolomeu resolveram assassinar Pompeu e assim o fizeram. Em outubro daquele ano Júlio César chegou ao Egito e ficou indignado com o que tinham feito a Pompeu. Cleópatra não desconhecia que suas possibilidades de retornar ao trono egípcio dependia de manter boas relações com o poderoso império romano. Ao saber que César estava no palácio de Alexandria, não podendo entrar no local sem ser vista e presa, fez com que um de seus servos a levasse até o general romano enrolada em cobertores oferecidos como presente. Com seu estratagema e seu encanto, cativou aquele homem de 52 anos de idade e ele a ajudou a retomar o trono egípcio das mãos de seu irmão Ptolomeu XIII, que acabou morrendo em combate. Cleópatra tornou-se soberana do Egito e associou ao trono seu irmão mais novo, Ptolomeu XIV. Se ela se apaixonou por César, viu nele também a oportunidade de realizar o seu sonho de fortalecimento do Egito. Quando o filho de Júlio César e Cleópatra nasceu, ela deu-lhe o nome de Cesário, pequeno César. A partir daí seu sonho passou a ser o de ver o filho como imperador de Roma, dominando, portanto, boa parte do mundo conhecido daquela época. Não demorou muito para que Ptolomeu XIV morresse, talvez envenenado por Cleópatra, e a rainha nomeou seu filho co-regente com o nome de Ptolomeu XV Cesário. Quando César retornou a Roma, ela seguiu-o com seu filho e viveu na vila que ele mandou construir para ela e onde a visitava constantemente. Quando Júlio César, em 44 a.C., foi assassinado pelos senadores romanos receosos de que ele se tornasse um déspota, os sonhos de Cleópatra ruíram e ela retornou ao Egito. O assassinato de César provocou uma guerra civil e o poderio romano foi dividido, tendo Marco António se tornado governante do império oriental. Ele intimou Cleópatra a comparecer em Tarso, na Ásia Menor, para responder às acusações de que ela havia ajudado os inimigos dele. Naquela ocasião Cleópatra, como muitos naquele tempo, achou que Marco António seria o próximo grande governante do império romano. Os sonhos que tinha em relação ao seu filho e ao Egito renasceram. Ela embarcou em seu famoso e magnífico batel fluvial e chegou a Tarso vestida de Venus. Deu as boas-vindas a Marco António com festas e divertimento e encantou o general romano como havia feito com César. Fascinado por ela, ele seguiu-a até Alexandria. Depois de passar um festivo inverno com a rainha, Marco António retornou a Roma. Casou-se com Otávia, irmã de Otaviano, seu rival no domínio do império romano, embora ainda amasse Cleópatra que lhe havia dado filhos gêmeos. Quando retornou ao oriente, em uma expedição contra os Partos, mandou buscá-la e se casaram. Otaviano ficou furioso, voltou a opinião pública romana contra Marco António e declarou guerra a Cleópatra. A rainha egípcia e o general romano reuniram 500 navios, mas esta armada foi cercada e derrotada por Otaviano na costa ocidental da Grécia. Nessa famosa batalha de Áccio, ocorrida em 31 a.C., Cleópatra conseguiu furar o bloqueio estabelecido por Otaviano, fugindo para Alexandria, e Marco Antonio seguiu-a, mas o restante da esquadra foi obrigado a se render. No ano seguinte Otaviano derrotou Marco Antonio novamente, desta feita em Alexandria. Cleópatra refugiou-se no mausoléu que havia mandado construir para si mesma. Marco Antonio, informado de que a rainha estava morta, cravou a própria espada em seu ventre. Entretanto, ainda não havia morrido quando chegou a notícia de que Cleópatra estava viva. Ele pediu para ser levado até ela e morreu em seus braços. Otaviano entrou em Alexandria e fez de Cleópatra sua prisioneira. Procurou mantê-la viva e saudável, pois pretendia levá-la a Roma em seu triunfo. Com o passar do tempo ela percebeu que não poderia chegar a um acordo com o vencedor. Por outro lado, estava com 40 anos e não conseguiu seduzir o romano que tinha 33 anos de idade. Optou pelo suicídio e, ao que parece, fez-se picar por uma serpente naja. Morria, assim, no ano 30 a.C., a última soberana do Egito independente, uma das mais fascinantes mulheres de todos os tempos. |
Esfinge do Pai de Cleópatra
Em outubro de 1998 arqueólogos resgataram do fundo do mar uma esfinge de granito com a cabeça do faraó Ptolomeu XII Aulete, pai de Cleópatra. O fato ocorreu no porto de Alexandria e calcula-se que a obra de arte ficou submersa por 1.600 anos. No mesmo dia foi resgatada também uma estátua de um sacerdote de Ísis segurando uma urna. Essa última peça, com 250 quilos, provavelmente fazia parte do santuário de Ísis que existia na ilha de Anti-Rodes, onde Cleópatra tinha o seu palácio. A ilha afundou depois de uma série de terremotos. Foi ainda dessa mesma área que se resgatou anteriormente um bloco de 40 toneladas que se supõe ser um pedaço do Farol de Alexandria, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Graças ao uso de rastreadores submarinos acoplados a computadores, foi possível mapear dois hectares de ruínas submarinas da antiga Alexandria, inclusive uma construção que se acredita possa ter sido o palácio de Cleópatra.
Em outubro de 1998 arqueólogos resgataram do fundo do mar uma esfinge de granito com a cabeça do faraó Ptolomeu XII Aulete, pai de Cleópatra. O fato ocorreu no porto de Alexandria e calcula-se que a obra de arte ficou submersa por 1.600 anos. No mesmo dia foi resgatada também uma estátua de um sacerdote de Ísis segurando uma urna. Essa última peça, com 250 quilos, provavelmente fazia parte do santuário de Ísis que existia na ilha de Anti-Rodes, onde Cleópatra tinha o seu palácio. A ilha afundou depois de uma série de terremotos. Foi ainda dessa mesma área que se resgatou anteriormente um bloco de 40 toneladas que se supõe ser um pedaço do Farol de Alexandria, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Graças ao uso de rastreadores submarinos acoplados a computadores, foi possível mapear dois hectares de ruínas submarinas da antiga Alexandria, inclusive uma construção que se acredita possa ter sido o palácio de Cleópatra.
Tumba de faraó
da XVII dinastia Tumba de faraó
O período da XVII dinastia (c. 1640 a 1550 a.C.) foi bastante tumultuado no antigo Egito. Em meados de 2001 uma equipe conjunta de arqueólogos egípcios e alemães descobriu o túmulo de um dos últimos faraós daquela dinastia. O nome do soberano era Nubkeperre Intef (Antef VII) e essa foi a primeira tumba real descoberta daquele período. Ela está situada em frente à moderna Luxor, do outro lado do Nilo, na porção norte da necrópole tebana, na entrada para o Vale dos Reis. Aquela área recebe o nome de Dra' Abu el-Naga e sabe-se há muito tempo que foi o cemitério de reis e outras personalidades da XVII dinastia e do princípio da XVIII (c. 1550 a 1307 a.C.). O que se encontrou foi a parte inferior de uma pequena pirâmide, com cerca de 11 metros na base e altura presumida de 13 metros, feita com tijolos de barro e cercada por um muro do mesmo material. Seu revestimento em gesso branco devia brilhar ao sol. Na foto acima vemos uma representação artística do monumento. Frente a ele havia um poço funerário no qual foi encontrada a cabeça em tamanho real de uma estátua do faraó feita de arenito. Apesar de muito danificada, ela ainda apresenta traços de tinta vermelha nas faces.
Nas cercanias da pirâmide foi encontrada grande quantidade de material, principalmente variados recipientes de cerâmica como, por exemplo, vasilhas polidas vermelhas, usadas no culto póstumo do faraó. Apenas desse tipo foram resgatadas mais de 250 exemplares. No mesmo local foi descoberta uma pequena capela funerária adjacente à pirâmide, mas fora de seus muros e pertencente a outra pessoa. As paredes internas da capela estavam decoradas com representações de seu proprietário, acompanhadas de seu nome e títulos. De acordo com estas inscrições, o dono de tumba, chamado Teti, era tesoureiro e chanceler do rei. Em uma das paredes permanecem restos de um grande cartucho com o nome do faraó. Acredita-se que Nubkeperre Intef tenha sido o avô de Kamósis (c. 1555 a 1550 a.C.) e de Amósis (c. 1550 a 1525 a.C.), os dois faraós que expulsaram do Egito os hicsos, invasores de origem asiática que reinaram ao norte do país ao mesmo tempo em que os reis da XVII dinastia reinavam em Tebas.A pista que levou a essa descoberta foi um antigo documento de cerca de 1110 anos antes de Cristo, conhecido como papiro Abbott. Ele menciona a tentativa frustrada de ladrões que tentaram roubar a tumba do faraó cavando, aproximadamente em 1200 a.C., um túnel a partir de outro túmulo pertencente a um funcionário chamado Shuroy. Muito posteriormente, em 1827 da nossa era, outro grupo de ladrões encontrou a tumba e removeu e vendeu o ataúde dourado que ela continha. O ataúde encontra-se hoje em Londres, no Museu Britânico, mas a localização do túmulo era desconhecida. Embora em 1924 o arqueólogo americano Herbert E. Winlock tenha descoberto a tumba de Shuroy, nunca tentou encontrar nas suas proximidades o túmulo do faraó que agora veio à luz. A descoberta atual confirma a precisão surpreendente do papiro: ele se refere a um pequeno túnel e entre a sepultura de Shuroy e o canto nordeste da pirâmide a distância é de apenas um metro e meio.
da XVII dinastia Tumba de faraó
O período da XVII dinastia (c. 1640 a 1550 a.C.) foi bastante tumultuado no antigo Egito. Em meados de 2001 uma equipe conjunta de arqueólogos egípcios e alemães descobriu o túmulo de um dos últimos faraós daquela dinastia. O nome do soberano era Nubkeperre Intef (Antef VII) e essa foi a primeira tumba real descoberta daquele período. Ela está situada em frente à moderna Luxor, do outro lado do Nilo, na porção norte da necrópole tebana, na entrada para o Vale dos Reis. Aquela área recebe o nome de Dra' Abu el-Naga e sabe-se há muito tempo que foi o cemitério de reis e outras personalidades da XVII dinastia e do princípio da XVIII (c. 1550 a 1307 a.C.). O que se encontrou foi a parte inferior de uma pequena pirâmide, com cerca de 11 metros na base e altura presumida de 13 metros, feita com tijolos de barro e cercada por um muro do mesmo material. Seu revestimento em gesso branco devia brilhar ao sol. Na foto acima vemos uma representação artística do monumento. Frente a ele havia um poço funerário no qual foi encontrada a cabeça em tamanho real de uma estátua do faraó feita de arenito. Apesar de muito danificada, ela ainda apresenta traços de tinta vermelha nas faces.
O Supervisor dos Operários
Um sarcófago selado não é coisa que os egiptólogos encontrem a toda hora. Em setembro de 2002, entretanto, um deles foi localizado e dentro dele encontrou-se um esqueleto intacto petencente a um funcionário da aldeia dos construtores das pirâmides de Gizé. Essa aldeia está localizada a cerca de um quilômetro e meio da Grande Pirâmide, ao sul da esfinge. Os hieróglifos informam o nome do homem, Ny Swt Wsrt, e acredita-se que tenha sido um personagem importante, mais exatamente, o supervisor da aldeia dos construtores da pirâmide, uma espécie de prefeito local. O modo como a tumba foi construída e a maneira como foi escrito seu título indicam a importância do indivíduo. O esqueleto estava virado de lado e sua face voltada para leste, a direção do sol nascente. O crânio estava totalmente preservado. Durante a época da construção das pirâmides, a mumificação era rara e ainda se encontrava num estágio experimental. Nenhum artefato foi encontrado dentro do sarcófago. A descoberta é importante porque se trata do esqueleto de um homem comum, não um rei ou um nobre. Com mais de 4000 anos de idade, o caixão desse homem também é o mais antigo sarcófago intacto já encontrado pelos arqueólogos modernos. Acredita-se que cerca de 20000 pessoas circulavam pela aldeia enquanto as pirâmides estavam sendo erguidas. Construções destinadas a servirem como dormitórios parecem ter contido alojamentos para aproximadamente 2000 pessoas. Os pesquisadores também acharam no local evidências de manipulação de cobre e de instalações para preparo de refeições.
Cidade de Alexandria
Por mais de mil anos o antigo centro de Alexandria permaneceu enterrado. Desde que ondas e terremotos enviaram seu afamado farol e sua biblioteca para o fundo do Mediterrâneo, a cidade antiga passou a viver, principalmente, na imaginação das pessoas. Como parte da cidade submergiu, nas últimas décadas os arqueólogos têm escavado em terra e feito pesquisas submarinas e as dificultades são muitas porque a moderna Alexandria foi construída sobre as ruínas da velha cidade. Fundada por Alexandre, o Grande, em 323 a.C., foi governada pelos Ptolomeus e caiu em poder dos romanos em 31 a.C. Nos 300 anos que se seguiram Alexandria foi relegada à situação de província imperial romana, perdendo gradualmente contato com a grandeza de seu passado grego, quando cientistas do calibre de Euclides e Eratóstenes lá estudaram e ensinaram. Seu principal produto de exportação deixou de ser a ciência e passou a ser os cereais e saques sucessivos arruinaram sua beleza.A tumba de Alexandre, que nunca viu sua cidade concluída, acredita-se que esteja enterrada debaixo da cidade moderna. Tumbas gregas foram descobertas em 1900, quando um burro tropeçou nelas, e arqueólogos poloneses escavaram o teatro romano, encontrado em 1959 debaixo de um cemitério muçulmano. Desde 1994 que são realizadas pesquisas submarinas que exploram ruínas submersas junto ao Forte Qaitbay e os destroços de navios gregos e romanos. A descoberta de cargas afundadas permitiu conhecer o tipo de comércio mantido por Alexandria com o Mediterrâneo no período compreendido entre o IV século a.C. e o VII século d.C. Foram achadas centenas de ânforas que transportavam vinho e óleo e cargueiros que levavam frutas.Em maio de 1995 restos do famoso Farol de Alexandria, bem como elementos de uma estátua colossal de Ptolomeu II, foram encontrados submersos. Uma vasta necrópole grega, com mais de 240 tumbas, foi descoberta em 1996 a oeste do antigo porto, durante trabalho nas fundações de uma ponte para uma estrada nova. Embora os ladrões já tivessem roubado todas as jóias dessas tumbas, foram encontrados vasos, lamparinas e outros objetos que revelaram os costumes funerários da época. Em meados de 1997 mergulhadores localizaram mais de 2110 blocos arquitetônicos e 26 esfinges usando dispositivos de Sistema de Posicionamento Global (GPS) para mapeá-los com precisão. Posteriormente uma área com aproximadamente um quilômetro quadrado foi delimitada e o GPS ajudou na fixação, dentro de uma tolerância de 30 centímetros, da posição de mais de 1000 artefatos tais como esfinges, colunas e blocos inscritos com hieróglifos. As esfinges encontradas, como a que vemos no topo desta página, de granito, quartzito e outros materiais, são muito diferentes entre si em tamanho e aspecto, pois pertencem a faraós diferentes, de épocas diferentes. A mais antiga pertence a Sesóstris III (c. 1878 a 1841 a.C.), da XII dinastia, e uma das mais recentes pertence ao faraó Psamético III (526 a 525 a.C.), da XXVI dinastia. Todas elas são originárias de Heliópolis, ao norte do Cairo, e foram destruídas na época ptolomaica. Esse santuário egípcio muito antigo foi usado como uma pedreira. De lá foram retirados obeliscos, esfinges e todo tipo de peças faraônicas para que fossem usadas em Alexandria. Algumas delas, como obeliscos ou esfinges, foram empregadas na decoração da cidade. Outras foram utilizadas como material de construção. No mesmo ano as escavações em terra desvendaram uma imensa necrópole. Em 1998 foi resgatada do fundo do mar uma esfinge de Ptolomeu XII Aulete, pai de Cleópatra.A remoção de modernos blocos de concreto do sítio subaquático, em março de 2001, expôs uma área nova aos arqueólogos. Nela foi descoberta uma série de enormes elementos arquitetônicos, bem como fragmentos de pernas que podem completar as estátuas colossais dos Ptolomeus e de suas rainhas encontrados nas campanhas anteriores. Ainda nesse ano as escavações terrestres revelaram uma vasta cisterna e deixaram visíveis a superestrutura do monumento relativamente bem preservada. Seu interior consiste em arcadas de colunas com capitéis antigos re-utilizados. Esta escavação faz parte de um estudo contínuo das cisternas de Alexandria, o qual já produziu resultados tangíveis na compreensão do sistema de provisão de água da importante cidade ptolemaica. Em 2002 foi localizada submersa uma porta monumental de granito de Assuão. Ainda submersa, dela foram reconstituídos, graficamente, dois batentes, um lintel curvo no estilo egípcio e também lajes com um sistema de dobradiças para uma porta dupla. Trata-se da entrada de um monumento extremamente grande, provavelmente o próprio Farol de Alexandria. Além de tudo isso, ao longo de todos esses anos, dentro da cidade foram descobertas habitações romanas e ptolemaicas, cemitérios antigos e muitas cisternas.
Um sarcófago selado não é coisa que os egiptólogos encontrem a toda hora. Em setembro de 2002, entretanto, um deles foi localizado e dentro dele encontrou-se um esqueleto intacto petencente a um funcionário da aldeia dos construtores das pirâmides de Gizé. Essa aldeia está localizada a cerca de um quilômetro e meio da Grande Pirâmide, ao sul da esfinge. Os hieróglifos informam o nome do homem, Ny Swt Wsrt, e acredita-se que tenha sido um personagem importante, mais exatamente, o supervisor da aldeia dos construtores da pirâmide, uma espécie de prefeito local. O modo como a tumba foi construída e a maneira como foi escrito seu título indicam a importância do indivíduo. O esqueleto estava virado de lado e sua face voltada para leste, a direção do sol nascente. O crânio estava totalmente preservado. Durante a época da construção das pirâmides, a mumificação era rara e ainda se encontrava num estágio experimental. Nenhum artefato foi encontrado dentro do sarcófago. A descoberta é importante porque se trata do esqueleto de um homem comum, não um rei ou um nobre. Com mais de 4000 anos de idade, o caixão desse homem também é o mais antigo sarcófago intacto já encontrado pelos arqueólogos modernos. Acredita-se que cerca de 20000 pessoas circulavam pela aldeia enquanto as pirâmides estavam sendo erguidas. Construções destinadas a servirem como dormitórios parecem ter contido alojamentos para aproximadamente 2000 pessoas. Os pesquisadores também acharam no local evidências de manipulação de cobre e de instalações para preparo de refeições.
Cidade de Alexandria
Por mais de mil anos o antigo centro de Alexandria permaneceu enterrado. Desde que ondas e terremotos enviaram seu afamado farol e sua biblioteca para o fundo do Mediterrâneo, a cidade antiga passou a viver, principalmente, na imaginação das pessoas. Como parte da cidade submergiu, nas últimas décadas os arqueólogos têm escavado em terra e feito pesquisas submarinas e as dificultades são muitas porque a moderna Alexandria foi construída sobre as ruínas da velha cidade. Fundada por Alexandre, o Grande, em 323 a.C., foi governada pelos Ptolomeus e caiu em poder dos romanos em 31 a.C. Nos 300 anos que se seguiram Alexandria foi relegada à situação de província imperial romana, perdendo gradualmente contato com a grandeza de seu passado grego, quando cientistas do calibre de Euclides e Eratóstenes lá estudaram e ensinaram. Seu principal produto de exportação deixou de ser a ciência e passou a ser os cereais e saques sucessivos arruinaram sua beleza.A tumba de Alexandre, que nunca viu sua cidade concluída, acredita-se que esteja enterrada debaixo da cidade moderna. Tumbas gregas foram descobertas em 1900, quando um burro tropeçou nelas, e arqueólogos poloneses escavaram o teatro romano, encontrado em 1959 debaixo de um cemitério muçulmano. Desde 1994 que são realizadas pesquisas submarinas que exploram ruínas submersas junto ao Forte Qaitbay e os destroços de navios gregos e romanos. A descoberta de cargas afundadas permitiu conhecer o tipo de comércio mantido por Alexandria com o Mediterrâneo no período compreendido entre o IV século a.C. e o VII século d.C. Foram achadas centenas de ânforas que transportavam vinho e óleo e cargueiros que levavam frutas.Em maio de 1995 restos do famoso Farol de Alexandria, bem como elementos de uma estátua colossal de Ptolomeu II, foram encontrados submersos. Uma vasta necrópole grega, com mais de 240 tumbas, foi descoberta em 1996 a oeste do antigo porto, durante trabalho nas fundações de uma ponte para uma estrada nova. Embora os ladrões já tivessem roubado todas as jóias dessas tumbas, foram encontrados vasos, lamparinas e outros objetos que revelaram os costumes funerários da época. Em meados de 1997 mergulhadores localizaram mais de 2110 blocos arquitetônicos e 26 esfinges usando dispositivos de Sistema de Posicionamento Global (GPS) para mapeá-los com precisão. Posteriormente uma área com aproximadamente um quilômetro quadrado foi delimitada e o GPS ajudou na fixação, dentro de uma tolerância de 30 centímetros, da posição de mais de 1000 artefatos tais como esfinges, colunas e blocos inscritos com hieróglifos. As esfinges encontradas, como a que vemos no topo desta página, de granito, quartzito e outros materiais, são muito diferentes entre si em tamanho e aspecto, pois pertencem a faraós diferentes, de épocas diferentes. A mais antiga pertence a Sesóstris III (c. 1878 a 1841 a.C.), da XII dinastia, e uma das mais recentes pertence ao faraó Psamético III (526 a 525 a.C.), da XXVI dinastia. Todas elas são originárias de Heliópolis, ao norte do Cairo, e foram destruídas na época ptolomaica. Esse santuário egípcio muito antigo foi usado como uma pedreira. De lá foram retirados obeliscos, esfinges e todo tipo de peças faraônicas para que fossem usadas em Alexandria. Algumas delas, como obeliscos ou esfinges, foram empregadas na decoração da cidade. Outras foram utilizadas como material de construção. No mesmo ano as escavações em terra desvendaram uma imensa necrópole. Em 1998 foi resgatada do fundo do mar uma esfinge de Ptolomeu XII Aulete, pai de Cleópatra.A remoção de modernos blocos de concreto do sítio subaquático, em março de 2001, expôs uma área nova aos arqueólogos. Nela foi descoberta uma série de enormes elementos arquitetônicos, bem como fragmentos de pernas que podem completar as estátuas colossais dos Ptolomeus e de suas rainhas encontrados nas campanhas anteriores. Ainda nesse ano as escavações terrestres revelaram uma vasta cisterna e deixaram visíveis a superestrutura do monumento relativamente bem preservada. Seu interior consiste em arcadas de colunas com capitéis antigos re-utilizados. Esta escavação faz parte de um estudo contínuo das cisternas de Alexandria, o qual já produziu resultados tangíveis na compreensão do sistema de provisão de água da importante cidade ptolemaica. Em 2002 foi localizada submersa uma porta monumental de granito de Assuão. Ainda submersa, dela foram reconstituídos, graficamente, dois batentes, um lintel curvo no estilo egípcio e também lajes com um sistema de dobradiças para uma porta dupla. Trata-se da entrada de um monumento extremamente grande, provavelmente o próprio Farol de Alexandria. Além de tudo isso, ao longo de todos esses anos, dentro da cidade foram descobertas habitações romanas e ptolemaicas, cemitérios antigos e muitas cisternas.
O Robô e a Pirâmide
Desde 1872 que se sabe da existência de dois condutos que saem da câmara da rainha. Naquele ano eles foram descobertos pelo arqueólogo britânico Waynman Dixon que perfurou as paredes do recinto e expôs as aberturas inferiores dos condutos, as quais estavam anteriormente fechadas e, portanto, totalmente invisíveis. O que não se conhece, por enquanto, é a sua finalidade. Entre os dias 6 e 28 de março de 1993, Rudolf Gantenbrink, um engenheiro especializado em robótica, contando com o apoio do Instituto Alemão de Arqueologia, explorou o conduto do lado sul usando um pequeno robô. Descobriu, então, que esse conduto de seção quadrada, com lados medindo 20 centímetros, ao atingir 65 metros de comprimento, tinha sua extremidade bloqueada por uma laje de pedra, como vemos na figura abaixo.Até esse ponto todos os blocos encontrados eram de pedra calcária local, mas o bloco final, antes da laje, era de pedra calcária de qualidade muito superior, provavelmente originária das montanhas de Mocatam, situada a 30 km do Planalto de Gizé, no outro lado do Nilo. Trata-se do mesmo material que os construtores usaram para as pedras de alta qualidade do revestimento externo da pirâmide e para os sistemas de câmaras. Por sua vez, o acabamento do último bloco em frente à laje também é muito superior a qualquer coisa que os pesquisadores já tinham visto ao longo dos condutos pesquisados. A laje tem presos a ela dois artefatos de cobre que parecem alças. Além disso, existem dois círculos, duas marcas brancas nessas alças de cobre que poderiam ser selos, sinetes faraônicos, feitos de gesso branco, embora os egiptólogos não tenham sido unânimes quanto a esse ponto naquela época. A laje passou a ser conhecida popularmente como "a porta", embora esse termo, provavelmente, seja inadequado. Aparentemente essa pedra de fechamento foi enbutida com grande precisão e se mantém no lugar por meio de encaixes sem uso de argamassa. Sendo assim pode-se supor que a laje é, de uma maneira ou de outra, movediça. Na ocasião não foi possível explorar em profundidade o conduto do lado norte, pois ele, depois de 18 metros de extensão, realiza uma curva que o robô não estava preparado para enfrentar. Esses resultados iniciais intrigaram os egiptólogos desde aquela época.No início de 2002 procurou-se construir um robô sob medida que pudesse explorar a continuação do conduto sul. Dando prioridade máxima ao projeto, o robô ficou pronto em poucas semanas. Tem 12 cm de largura, 30 cm de comprimento e sua altura pode variar entre 11 e 28 cm. A altura pode ser expandida ou contraida, o que permite que ele se agarre ao topo ou ao fundo do conduto, para maior estabilidade e mobilidade. Está preso ao seu controlador e leva luzes e equipamento de vídeo, como também outras ferramentas arqueológicas de alta tecnologia. Move-se a uma velocidade máxima de 4,5 m por minuto, embora calcule-se que a média seja de 1,5 m por minuto para permitir aos engenheiros e cientistas examinarem o conduto detalhadamente.O aparelho foi empregado em duas missões durante 2002, em 16 e 23 de setembro. Este robô notável excedeu todas as expectativas. Ultrapassou vários obstáculos significativos no conduto sul, alcançou a pedra de bloqueio, usou ferramenta de ultra-som para determinar a profundidade daquela pedra e perfurou com precisão um pequeno buraco de 2 cm de diâmetro no bloco, cuja espessura era de apenas 5 cm. Uma pequena câmera de fibra ótica adaptada ao braço extensível foi inserida pelo orifício e verificou-se a existência de uma pequena câmara com 17 cm de comprimento bloqueada por outra pedra de aspecto rústico. Todo o trabalho foi realizado sem danificar a pirâmide. A equipe explorou ainda o conduto do lado norte e descobriu — adivinhem — outra laje no final do conduto, igualmente com dois artefatos de cobre parecendo alças presos a ela, desta vez inteiros. Tanto essa "porta" quanto a do conduto sul estão localizadas à mesma distância da câmara da rainha. A perfuração dessa pedra de bloqueio do conduto norte está sendo planejada pelos técnicos enquanto os arqueólogos estudam se as "portas" tinham papel estrutural ou simbólico. Talvez os condutos e as lajes de bloqueio possam estar relacionados com a religião, já que os textos egípcios falam que a alma do faraó encontraria uma série de portas antes de alcançar a recompensa da vida após a morte.Um dos enigmas relacionados aos condutos da câmara da rainha é o fato de que eles não têm saída para o exterior do monumento. Análises de computador indicaram que se as saídas existissem elas deveriam ocorrer na altura da nonagésima camada da pirâmide. Exames cuidadosos do trecho compreendido entre a octogésima e a centésima primeira camadas não foram capazes de detectar qualquer saída dos condutos. Isso significa que um enorme esforço foi feito para construir os condutos de tal modo que ficassem permanentemente invisíveis.
um farao assassinado
Os arqueólogos não são Indiana Jones, mas alguns gostam de resolver mistérios dignos de um romance de Agatha Christie. É o caso, por exemplo, do egiptólogo Naguib Kanawati, da Macquarie University, de Sidney. Segundo ele o faraó Teti (c. 2323 a 2291 a.C.) foi assassinado. É claro que ele não pode ter certeza, mas acredita que existem evidências suficientes para sustentar essa tese. O arqueólogo australiano começou analisando o túmulo da princesa Idut, filha de Teti que morreu por volta de 2330 a.C., quando ainda era uma criança. Nos relevos da sua capela mortuária a figura da jovem foi esculpida por sobre a imagem raspada de um homem, da qual ainda se pode ver que um pé foi apagado e lixado. O proprietário original da tumba era Ihy, vizir do avô da garota, o faraó Wenis (c. 2356 a 2323 a.C.). Como os demais egípcios ricos e bem-posicionados do seu tempo, Ihy havia gasto anos preparando o lugar de seu descanso final. Assim, como a princesa Idut foi parar no túmulo dele? A resposta do arqueólogo envolve uma nova e desafiadora teoria sobre um golpe palaciano e as circunstâncias misteriosas que cercam a ascensão do rei Teti. Nós não sabemos de onde Teti veio — ele afirma. Nós apenas sabemos que ele se casou com uma filha de Wenis e tornou-se rei quando o sogro morreu. Eu penso que ele subiu ao trono pela força e Ihy se opôs a ele, sem sucesso. Como um castigo permanente, Teti deu a tumba de Ihy a uma filha.
O faraó Teti tinha duas esposas, Iput e Khuit, que certamente conspiravam uma contra a outra. A pirâmide de Iput foi descoberta na década de 1890. Os especialistas assumiram que ela era a esposa principal de Teti porque seu filho Pepi I (c. 2289 a 2255 a.C.) se tornou rei. Entretanto, recentemente foi encontrada a pirâmide de Khuit e descobriu-se que ela foi construída primeiro e, portanto, essa rainha deve ter precedido Iput. Um filho dessa mulher com o faraó, herdeiro do trono, chamava-se Tetiankh-Kem e sua múmia mostra que morreu com cerca de 25 anos. Então, pode ter ocorrido que o filho mais velho de Teti tenha morrido jovem e Pepi I, o filho da segunda esposa, Iput, tenha herdado o trono em seu lugar. Talvez. Mas talvez a história tenha sido outra, e de enredo sinistro.
Esse período da história egípcia é obscuro. As antigas listas de reis não são conclusivas. Algumas saltam diretamente de Teti a Pepi I. Mas duas delas inserem outro soberano, o misterioso Userkare, entre pai e filho. Acrescentando a isso descobertas de fragmentos de evidência escrita, os arqueólogos estão chegando à conclusão de que Tetiankh-Kem foi assasinado junto com o pai, o faraó Teti. Talvez Userkare estivesse envolvido até mesmo na conspiração, mas ele só reinou até que a rainha Iput conseguisse controlar a situação e colocasse seu filho Pepi I no trono.
Novas evidências de que uma conspiração derrubou Teti surgiram nas tumbas de seus cortesãos. Existe outra capela mortuária que foi preparada para uma pessoa e usada por outra. O nome original foi apagado e outro foi inserido: Seshemnefer. Esse homem era um funcionário muito secundário, mas diz que sua tumba foi designada a ele pelo rei. O nome do dono original do túmulo permanece em sua entrada, pois alguém esqueceu de apagá-lo. Era um funcionário de categoria, chamado Hezi, vizir do rei Teti. Em cenas que mostravam o vizir sua figura foi apagada meticulosamente. Os egípcios acreditavam que o defunto podia viver através das figuras que o representavam. Para punir alguém no além-túmulo era preciso mutilar cada uma de suas imagens. Destruindo as imagens de Hezi, alguém cortou permanentemente seu acesso ao mundo dos vivos. O que ele teria feito para ser castigado assim tão severamente? O arqueólogo Kanawati acredita que ele conspirou contra o faraó Teti. Pepi I, o herdeiro sobrevivente, teria se vingado para todo o sempre mutilando e designando a tumba de Hezi para outro. O médico chefe de Teti e o supervisor do arsenal receberam o mesmo castigo. O funcionário encarregado da guarda do palácio parece ter tido um papel secundário, pois em sua capela só foram apagados dos relevos seu nariz e seus pés. No Império Médio (c. 2040 a 1640 a.C.), muitos anos depois de sua morte, Teti ainda era adorado como divindade e sacerdotes mantinham vivo o seu culto.
Os arqueólogos não são Indiana Jones, mas alguns gostam de resolver mistérios dignos de um romance de Agatha Christie. É o caso, por exemplo, do egiptólogo Naguib Kanawati, da Macquarie University, de Sidney. Segundo ele o faraó Teti (c. 2323 a 2291 a.C.) foi assassinado. É claro que ele não pode ter certeza, mas acredita que existem evidências suficientes para sustentar essa tese. O arqueólogo australiano começou analisando o túmulo da princesa Idut, filha de Teti que morreu por volta de 2330 a.C., quando ainda era uma criança. Nos relevos da sua capela mortuária a figura da jovem foi esculpida por sobre a imagem raspada de um homem, da qual ainda se pode ver que um pé foi apagado e lixado. O proprietário original da tumba era Ihy, vizir do avô da garota, o faraó Wenis (c. 2356 a 2323 a.C.). Como os demais egípcios ricos e bem-posicionados do seu tempo, Ihy havia gasto anos preparando o lugar de seu descanso final. Assim, como a princesa Idut foi parar no túmulo dele? A resposta do arqueólogo envolve uma nova e desafiadora teoria sobre um golpe palaciano e as circunstâncias misteriosas que cercam a ascensão do rei Teti. Nós não sabemos de onde Teti veio — ele afirma. Nós apenas sabemos que ele se casou com uma filha de Wenis e tornou-se rei quando o sogro morreu. Eu penso que ele subiu ao trono pela força e Ihy se opôs a ele, sem sucesso. Como um castigo permanente, Teti deu a tumba de Ihy a uma filha.
O faraó Teti tinha duas esposas, Iput e Khuit, que certamente conspiravam uma contra a outra. A pirâmide de Iput foi descoberta na década de 1890. Os especialistas assumiram que ela era a esposa principal de Teti porque seu filho Pepi I (c. 2289 a 2255 a.C.) se tornou rei. Entretanto, recentemente foi encontrada a pirâmide de Khuit e descobriu-se que ela foi construída primeiro e, portanto, essa rainha deve ter precedido Iput. Um filho dessa mulher com o faraó, herdeiro do trono, chamava-se Tetiankh-Kem e sua múmia mostra que morreu com cerca de 25 anos. Então, pode ter ocorrido que o filho mais velho de Teti tenha morrido jovem e Pepi I, o filho da segunda esposa, Iput, tenha herdado o trono em seu lugar. Talvez. Mas talvez a história tenha sido outra, e de enredo sinistro.
Esse período da história egípcia é obscuro. As antigas listas de reis não são conclusivas. Algumas saltam diretamente de Teti a Pepi I. Mas duas delas inserem outro soberano, o misterioso Userkare, entre pai e filho. Acrescentando a isso descobertas de fragmentos de evidência escrita, os arqueólogos estão chegando à conclusão de que Tetiankh-Kem foi assasinado junto com o pai, o faraó Teti. Talvez Userkare estivesse envolvido até mesmo na conspiração, mas ele só reinou até que a rainha Iput conseguisse controlar a situação e colocasse seu filho Pepi I no trono.
Novas evidências de que uma conspiração derrubou Teti surgiram nas tumbas de seus cortesãos. Existe outra capela mortuária que foi preparada para uma pessoa e usada por outra. O nome original foi apagado e outro foi inserido: Seshemnefer. Esse homem era um funcionário muito secundário, mas diz que sua tumba foi designada a ele pelo rei. O nome do dono original do túmulo permanece em sua entrada, pois alguém esqueceu de apagá-lo. Era um funcionário de categoria, chamado Hezi, vizir do rei Teti. Em cenas que mostravam o vizir sua figura foi apagada meticulosamente. Os egípcios acreditavam que o defunto podia viver através das figuras que o representavam. Para punir alguém no além-túmulo era preciso mutilar cada uma de suas imagens. Destruindo as imagens de Hezi, alguém cortou permanentemente seu acesso ao mundo dos vivos. O que ele teria feito para ser castigado assim tão severamente? O arqueólogo Kanawati acredita que ele conspirou contra o faraó Teti. Pepi I, o herdeiro sobrevivente, teria se vingado para todo o sempre mutilando e designando a tumba de Hezi para outro. O médico chefe de Teti e o supervisor do arsenal receberam o mesmo castigo. O funcionário encarregado da guarda do palácio parece ter tido um papel secundário, pois em sua capela só foram apagados dos relevos seu nariz e seus pés. No Império Médio (c. 2040 a 1640 a.C.), muitos anos depois de sua morte, Teti ainda era adorado como divindade e sacerdotes mantinham vivo o seu culto.
Instalações para Sacerdotes
Uma equipe conjunta de arqueólogos egípcios e alemães descobriu, em meados de 2003, instalações destinadas aos sacerdotes em Tuna el-Gebel, localidade situada a cerca de 200 quilômetros ao sul do Cairo. As esmeradas acomodações, das quais podemos ver um aspecto na foto ao lado, pertenceram aos sacerdotes que cultuavam o deus Thoth na forma de íbis e babuínos. O conjunto, construido com tijolos de lama e situado a leste de um cemitério daqueles animais, era formado por mais de 40 dependências e pátios abertos e deve ter sido erguido depois do ano 300 a.C., na época dos Ptolomeus. A obra está organizada em três partes: um local de armazenamento com silos para grãos, um complexo administrativo com uma escadaria monumental que conduz para uma sala central e um complexo religioso com uma capela. Tudo fazia parte de um território sacrossanto, administrativo e religioso, especialmente instalado pelos Ptolomeus e conhecido como Proteção de Hermópolis. Ptolomeu I e II, reis do Egito entre 304 e 246 a.C., estabeleceram um grande número de novos locais de culto naquela área, os quais recebiam doações religiosas do Estado, o que incluia fornecimento de pão e comida para os sacerdotes que lá serviam. Embora dedicados aos rituais religiosos, sacerdotes e familiares não deixavam de se divertir. Junto às paredes da capela havia uma sala especial, uma espécie de cassino ou área de lazer, onde foram encontradas numerosas peças de jogos, dados, e xícaras. Os pesquisadores informaram na ocasião que era a primeira vez que se provava arqueologicamente a existência de pontos de encontro das comunidades religiosas, formados por uma capela e uma sala de reunião, uma espécie de sala de chá dos dias atuais, na qual a pequena comunidade se reunia diariamente. Entre os achados estavam documentos escritos em demótico e grego, além de restos de cabelo humano, o que levou os arqueólogos a concluirem que um dos cômodos era uma barbearia. Reutilizados no período romano (30 a.C. a 395 d.C.), os edifícios ptolomaicos entraram em desuso no final dessa época. A área foi usada então para enterros, como demonstra a descoberta de múmias no local.
Uma equipe conjunta de arqueólogos egípcios e alemães descobriu, em meados de 2003, instalações destinadas aos sacerdotes em Tuna el-Gebel, localidade situada a cerca de 200 quilômetros ao sul do Cairo. As esmeradas acomodações, das quais podemos ver um aspecto na foto ao lado, pertenceram aos sacerdotes que cultuavam o deus Thoth na forma de íbis e babuínos. O conjunto, construido com tijolos de lama e situado a leste de um cemitério daqueles animais, era formado por mais de 40 dependências e pátios abertos e deve ter sido erguido depois do ano 300 a.C., na época dos Ptolomeus. A obra está organizada em três partes: um local de armazenamento com silos para grãos, um complexo administrativo com uma escadaria monumental que conduz para uma sala central e um complexo religioso com uma capela. Tudo fazia parte de um território sacrossanto, administrativo e religioso, especialmente instalado pelos Ptolomeus e conhecido como Proteção de Hermópolis. Ptolomeu I e II, reis do Egito entre 304 e 246 a.C., estabeleceram um grande número de novos locais de culto naquela área, os quais recebiam doações religiosas do Estado, o que incluia fornecimento de pão e comida para os sacerdotes que lá serviam. Embora dedicados aos rituais religiosos, sacerdotes e familiares não deixavam de se divertir. Junto às paredes da capela havia uma sala especial, uma espécie de cassino ou área de lazer, onde foram encontradas numerosas peças de jogos, dados, e xícaras. Os pesquisadores informaram na ocasião que era a primeira vez que se provava arqueologicamente a existência de pontos de encontro das comunidades religiosas, formados por uma capela e uma sala de reunião, uma espécie de sala de chá dos dias atuais, na qual a pequena comunidade se reunia diariamente. Entre os achados estavam documentos escritos em demótico e grego, além de restos de cabelo humano, o que levou os arqueólogos a concluirem que um dos cômodos era uma barbearia. Reutilizados no período romano (30 a.C. a 395 d.C.), os edifícios ptolomaicos entraram em desuso no final dessa época. A área foi usada então para enterros, como demonstra a descoberta de múmias no local.
Uma Guerra Desconhecida
Na tumba de um governador de el-Kab, chamado Sobeknakht, foi encontrada, em maio de 2003, uma inscrição da maior relevância. Ela faz referência a uma batalha, que ainda era desconhecida pelos arqueólogos, travada entre os egípcios e o Reino de Kush. O túmulo, cavado na rocha, do qual vemos ao lado uma cena funerária, situa-se em el-Kab, localidade ao sul do Egito entre Esna e Edfu, que foi importante capital de província durante o último período da XVII dinastia que durou, toda ela, aproximadamente, entre 1640 e 1550 a.C. Embora os pesquisadores já soubessem que a relação entre os dois países não era das melhores, essa foi a primeira vez que se encontrou uma prova de que o Egito foi invadido pelo país de Kush, o qual se situava ao sul da atual Núbia ou no Sudão central. A inscrição descreve uma feroz invasão do Egito pelos exércitos de Kush e de seus aliados do sul, incluindo-se entre eles o país de Punt, da costa meridional do Mar Vermelho. Inscritos entre a primeira sala e a câmara funerária do túmulo de Sobeknakht, os hieróglifos narram como o governador tentou defender heroicamente seu país dessa enorme invasão que conturbou toda a região, como preparou um poderoso exército e a maneira pela qual perseguiu os inimigos até o sudoeste da região. Foi lá que se travou a grande batalha da qual o egípcio saiu vitorioso. Quando retornou ao Egito, uma grande celebração teve lugar, na presença do faraó, cujo nome não é citado.
Essa informação demonstra que não foram apenas os hicsos, vindos do norte, os grandes inimigos dos egípcios naquele período. Mostra também que o Egito era um país suficientemente forte para ter sucesso na manutenção de sua independência e pouco tempo depois veio a inaugurar a grande era imperial conhecida como Império Novo (c. 1550 a 1070 a.C.). Os kushitas não estavam interessados em ocupação. Eles buscavam objetos preciosos, símbolos de dominação e causaram muito dano, pois um vasto território foi afetado. Foi surpresa para os arqueólogos saber que o Egito foi invadido a partir do sul, fato que até então se desconhecia. O túmulo de Sobeknakht também é importante por se encontrar bem preservado, fato raro entre as tumbas daquela época. Além de existirem poucos monumentos daquele período conturbado da história egípcia, nenhuma inscrição similar àquela foi encontrada até hoje em túmulos privados. Convém reforçar que a novidade aqui foi a leitura do novo texto, pois a tumba em si já havia sido descoberta no início do século XIX da nossa era e, aparentemente, não fora escavada suficientemente. Ela estava muito suja e sua decoração não podia ser vista direito e foi o trabalho de limpeza e conservação que revelou o teor das inscrições. Inicialmente os arqueólogos não conseguiram definir bem do que se tratava. Eram 22 linhas de hieróglifos em vermelho e eles presumiram que seriam textos religiosos, principalmente porque foram achados perto da câmara funerária. Com o avanço dos trabalhos percebeu-se tratar-se da biografia de Sobeknakht narrando o ataque dos kushitas ao Egito e o bem sucedido contra-ataque que os expulsou. O texto não esquece de enaltecer a divina interferência de Nekhbet, a deusa abutre protetora do Alto Egito, que queimou os inimigos com sua poderosa chama.Essa descoberta explica porque tesouros egípcios, tais como estátuas, estelas e um elegante vaso de alabastro, foram encontrados nos túmulos reais em Kush: eram troféus de guerra. Não estava muito claro para os arqueólogos, até então, porque tais objetos haviam sido encontrados fora do Egito. Agora eles entenderam que se tratava de troféus da pilhagem, símbolos dos reis inimigos de seu poderio sobre o Egito. O vaso de alabastro apresenta um texto funerário para o espírito do governador Sobeknakht, ficando claro que foi roubado pelas forças inimigas de sua tumba, ou da oficina onde estava guardado, e enterrado no túmulo do rei kushita que deve ter comandado a invasão. No túmulo de Sobeknakht, além das inscrições, existem representações do governador com a esposa e com os filhos. Vários macacos, alguns em poses eróticas simbólicas, estão gravados nas paredes da tumba. Uma cena particularmente curiosa mostra macacos postados sobre as mesas de oferendas comendo a comida do defunto, indicando um grande senso de humor do artista que a criou.
Na tumba de um governador de el-Kab, chamado Sobeknakht, foi encontrada, em maio de 2003, uma inscrição da maior relevância. Ela faz referência a uma batalha, que ainda era desconhecida pelos arqueólogos, travada entre os egípcios e o Reino de Kush. O túmulo, cavado na rocha, do qual vemos ao lado uma cena funerária, situa-se em el-Kab, localidade ao sul do Egito entre Esna e Edfu, que foi importante capital de província durante o último período da XVII dinastia que durou, toda ela, aproximadamente, entre 1640 e 1550 a.C. Embora os pesquisadores já soubessem que a relação entre os dois países não era das melhores, essa foi a primeira vez que se encontrou uma prova de que o Egito foi invadido pelo país de Kush, o qual se situava ao sul da atual Núbia ou no Sudão central. A inscrição descreve uma feroz invasão do Egito pelos exércitos de Kush e de seus aliados do sul, incluindo-se entre eles o país de Punt, da costa meridional do Mar Vermelho. Inscritos entre a primeira sala e a câmara funerária do túmulo de Sobeknakht, os hieróglifos narram como o governador tentou defender heroicamente seu país dessa enorme invasão que conturbou toda a região, como preparou um poderoso exército e a maneira pela qual perseguiu os inimigos até o sudoeste da região. Foi lá que se travou a grande batalha da qual o egípcio saiu vitorioso. Quando retornou ao Egito, uma grande celebração teve lugar, na presença do faraó, cujo nome não é citado.
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