terça-feira, 24 de dezembro de 2013
Teorias da Conspiração e a falsa ideologia crítica
"Gostaria que vocês ou seus conhecidos pudessem me dar contraprovas quando a estes vídeos (para assistir, clique aqui). gostaria que fosse o mais documentado possível, com livros e fontes confiáveis."
A resposta dele foi atendida e iremos mostrar agora, alguns vídeos do Prof. Rodrigo Siva e também colocarei um link para download do artigo que eu fiz desmentindo alguns dos supostos "fatos" apresentados pelo vídeo.
sábado, 30 de junho de 2012
Em 23/03/2012 recebi um email de um leitor do site, que estava com algumas dúvidas com respeito a Bíblia e à sua historicidade. Ele escreveu assim:"Gostaria que vocês ou seus conhecidos pudessem me dar contraprovas quando a estes vídeos (para assistir, clique aqui). gostaria que fosse o mais documentado possível, com livros e fontes confiáveis."
A resposta dele foi atendida e iremos mostrar agora, alguns vídeos do Prof. Rodrigo Siva e também colocarei um link para download do artigo que eu fiz desmentindo alguns dos supostos "fatos" apresentados pelo vídeo.
Quem escreveu os Manuscritos do Mar Morto?
Os Manuscritos do Mar Morto podem ser considerados a maior descoberta arqueológica do século 20. Graças a eles, caiu por terra a alegação de que a Bíblia conteria erros oriundos de copistas descuidados ou mal intencionados. Datados seguramente de até 250 anos antes de Cristo, os pergaminhos preservados nas cavernas de Qumran, no deserto da Judéia, e descobertos em 1947, deixaram claro que as versões bíblicas existentes até então (e, logicamente, as de hoje também) eram plenamente confiáveis e refletiam o conteúdo da versão corrente no tempo de Jesus – a versão que Ele leu e considerou autorizada.
Nesta semana, a revista Veja traz reportagem sobre uma nova tese defendida pela historiadora israelense Rachel Elior. Há dez anos ela se dedica ao estudo dos Manuscritos e afirma que os autores deles não foram os essênios (uma seita de judeus ascéticos), como comumente alegado, mas, sim, os saduceus. Leia aqui alguns trechos da matéria:
“Elior (...) concluiu que os textos pertenciam a um clã de sacerdotes conhecidos como saduceus, e que os essênios não passam de uma ficção literária criada pelo historiador judeu Flávio Josefo, que viveu em Roma no século I. Ela argumenta que a versão fantasiosa foi acatada como verdade desde então, mas que não há uma só menção aos próprios essênios nos manuscritos: ‘Ao contrário, os autores identificam-se claramente como sacerdotes, filhos de Zadoque.’ Os saduceus foram banidos de Jerusalém no século II a.C., e Elior acredita que os manuscritos são parte da biblioteca do templo levada por eles para um esconderijo seguro no deserto. Descrições dos essênios feitas por antigos gregos e romanos afirmam que havia milhares deles vivendo em comunidade e que evitavam o sexo. Isso chama atenção, pois ia contra a exortação bíblica de ‘crescei e multiplicai-vos’, respeitadíssima no judaísmo. ‘Não faz sentido milhares de pessoas terem vivido em desacordo com a lei religiosa e não haver menção alguma a elas em textos ou fontes judaicas do período’, argumenta Elior. (...)
“Elior não cede aos críticos. ‘A maioria de meus oponentes só leu Josefo e outras referências clássicas sobre os essênios’, diz. ‘Deveriam ler os Manuscritos do Mar Morto. Neles está a prova.
Nesta semana, a revista Veja traz reportagem sobre uma nova tese defendida pela historiadora israelense Rachel Elior. Há dez anos ela se dedica ao estudo dos Manuscritos e afirma que os autores deles não foram os essênios (uma seita de judeus ascéticos), como comumente alegado, mas, sim, os saduceus. Leia aqui alguns trechos da matéria:
“Elior (...) concluiu que os textos pertenciam a um clã de sacerdotes conhecidos como saduceus, e que os essênios não passam de uma ficção literária criada pelo historiador judeu Flávio Josefo, que viveu em Roma no século I. Ela argumenta que a versão fantasiosa foi acatada como verdade desde então, mas que não há uma só menção aos próprios essênios nos manuscritos: ‘Ao contrário, os autores identificam-se claramente como sacerdotes, filhos de Zadoque.’ Os saduceus foram banidos de Jerusalém no século II a.C., e Elior acredita que os manuscritos são parte da biblioteca do templo levada por eles para um esconderijo seguro no deserto. Descrições dos essênios feitas por antigos gregos e romanos afirmam que havia milhares deles vivendo em comunidade e que evitavam o sexo. Isso chama atenção, pois ia contra a exortação bíblica de ‘crescei e multiplicai-vos’, respeitadíssima no judaísmo. ‘Não faz sentido milhares de pessoas terem vivido em desacordo com a lei religiosa e não haver menção alguma a elas em textos ou fontes judaicas do período’, argumenta Elior. (...)
“Elior não cede aos críticos. ‘A maioria de meus oponentes só leu Josefo e outras referências clássicas sobre os essênios’, diz. ‘Deveriam ler os Manuscritos do Mar Morto. Neles está a prova.
Jesus Cristo e a Arqueologia
A arqueologia bíblica.
A arqueologia bíblica estuda restos materiais relacionados direta ou indiretamente com os relatos bíblicos e com a história das religiões judaico-cristãs. E é sobre a sua relação com a veracidade histórica de Cristo que iremos falar hoje neste artigo.
Jesus existiu?
"Flávio Josefo (37-100 d.C), um historiador judeu que se aliou aos romanos, escreveu um clássico tratado sobre a história dos judeus, desde os primórdios até o primeiro século d.C., período em que ele mesmo vivera. Ele menciona nominalmente Jesus em pelo menos 3 ocasiões, embora a última seja reconhecidamente uma interpolação tardia e, portanto, não merece ser avaliada.
Mas, numa designação muito clara do ministério de Jesus, ele escreveu:
'Por esse tempo, surgiu Jesus, homem sábio (se é que na realidade se pode chamar de homem). Pois era obrador de feitos extraordinários e mestre dos homens que aceitam alegremente coisas estranhas. Ele arrastou após si muitos judeus e muitos gregos. Era considerado o Messias. Embora Pilatos, por acusações de nossos chefes, O condenasse à cruz, aqueles que O tinham amado desde o princípio não cessaram de proclamar que, passado o terceiro dia, Ele apareceu-lhes novamente vivo. Os profetas de Deus tinham respeito por Ele. Ademais, até o presente, a estirpe dos cristãos, assim chamada por referência a Ele, não cessou de existir.' "
Nesse texto podemos ver claramente a visão de Josefo sobre o mestre e seus milagres. Ele não era seu seguidor e portanto não teria porque repetir o testemunho de seus feitos. Josefo, provavelmente não teria visto pessoalmente nenhum dos milagres (ele nasceu depois de sua morte), mas conheçeu testemunhas pessoais dos fantásticos acontecimentos relacionados ao ministério dEle.
Mas, será que existe algum relato romano sobre cristo?
O historiador Tácito que, por volta do ano 115 mencionou o incêndio de Roma de 64 d.C. e mencionou a perseguição de Nero aos cristãos e o nome de Cristo que, segundo ele, não era um título mas um nome.
Os essênios e o Cristianismo
Seguindo o entusiasmo inicial provocado pela descoberta dos rolos do Mar Morto e a publicação das obras principais dos essênios, vários estudiosos procuraram estabelecer paralelos entre as idéias religiosas e as práticas dos essênios e a igreja cristã primitiva.
Mas se há alguma semelhança entre os ensinos de cristo e a seita, é porque ambos remontam à mesma fonte: o velho testamento.
Não há nenhuma evidência de contato entre Jesus e a comunidade de Qumram, por outro lado, João Batista, durante sua longa permanência no deserto poderia ter algum contato com os essênios. Isto não quer dizer que João aprendeu algo com os essênios.
Os Essênios não eram os únicos a advogar uma vida de ceticismo ou a praticar o batismo. Se João partilhava com os essênios a expectativa do Messias, a qual se considerava o precursor, havia inúmeros outros israelitas que acariciavam a mesma esperança. Convém mostrar que em contraste com os essênios que viviam no deserto, João dirigia sua palavra a todos e não apenas a uma elite espiritual. Além disso, o batismo realizado por João era feito uma só vez e não várias vezes como os essênios faziam.
Baixo império-romano: o início da perseguição
Jesus pregou suas idéias durante o governo de Otávio Augusto (27 a.C. - 14 a.C). Após a morte de Jesus, as idéias cristãs se propagaram por todo o império, conquistando um considerável número de adeptos.
Mas porque a propagação do cristianismo tornou-se um problema para Roma?
As idéias defendidas por Cristo eram completamente opostas a religiao romana, inclusive colocando em dúvida o caráter divino do imperador. O cristianismo foi abraçado pela maioria da população, especialmente por escravos , que se identificaram com o princípio de igualdade entre os homens diante de um único Deus.
ICHTUS?
Se você pensa que a cruz de cristo é o símbolo cristão mais antigo, está errado. Na verdade a cruz nem símbolo cristão é.
A cruz, era um dos métodos mais cruéis e brutais de morte criado pelos romanos, o que não se adapta muito a uma religião que prega o amor de uns aos outros, não acha?
O peixe, o verdadeiro símbolo cristão. Os cristão primitivos usavam o desenho de um peixe como código de identificação. A palavra ICHTUS, "peixe" em grego, servia para traduzir a expressão Jesus (Iesous) Cristo (CHristos) Filho de Deus (THeou Uios) Salvador (Sôter). Preste atenção nas iniciais em negrito.
A Destruição de Jesrusalém
Lucas 21:6 Quanto a estas coisas que vedes, dias virão em que não se deixará pedra sobre pedra, que não seja derrubada.
No ano de 66 d.C. a revolta judaica começou inicialmente devido a tensões religiosas entre gregos e judeus com protestos anti-taxações e ataques a cidadãos romanos. Terminou quando as legiões romanas sob o comando de Tito sitiaram e destruíram o centro da resistência rebelde em Jerusalém e derrotaram as restantes forças judaicas.
Segundo Josefo, os romano ficaram horrorizados ao verem que com o cerco "mães se alimentavam da carne de seus próprios filhos para poderem sobreviver". As pessoas pensaram que se refugiando no templo estariam a salvo já que a ordem de Tito era de não o destruir. Mas um soldado no quente da batalha atirou uma flecha flamejante no templo e assim segundo Josefo, o sangue escorria pelas paredes como água. O templo era feito de ouro e os soldados no dia seguinte tentaram tirar o ouro de dentro das pedras e assim a profecia acaba se cumprindo. Outra vez, as muralhas e o templo de Jeová (que o rei Herodes ampliara e embelezara, tornando-o portentoso) foram destruídos, e o resto da cidade voltou a ficar em ruínas.
Conclusão
Por mais que arqueologia possa provar a veracidade do Jesus histórico, nada vai mudar em sua vida se você não tiver fé e acreditar que sua vida pode ter um rumo diferente. "Ele há de voltar assim como prometeu e mesmo que a arqueologia não possa 'provar' isso, podemos verificar nos rastros do passado as evidências e os passos de um Deus que se aproxima. Vislumbrar Sua face entre as nuvens e anjos no céu será, sem dúvida, o maior de todos os achados!"
Wesley Alfredo G. de Arruda é estudante,fascinado por Arqueologia e também pela Bíblia. Visitou diversos sítios arqueológicos no mundo como na Jordânia (Numeira e Bab Edh-ra) e no Egito (Saqqara, Giza). Também foi colaborador de um projeto de pesquisa israelense, o Temple Mount Sifting Project, localizado em Jerusalém.
TERÇA FEIRA 24 DE DEZEMBRO 2013
Seguindo um ponto tradicional, o objeto de estudo da arqueologia seria apenas o estudo das "coisas", particularmente os objetos criados pelo trabalho humano (os "artefatos"), que constituiriam os "fatos" arqueológicos reconstituíveis pelo trabalho de escavação e restauração por parte do arqueólogo. Essa concepção encontra-se muito difundida entre aqueles que consideram ser a tarefa do arqueólogo simplesmente fazer buracos no solo e recuperar objetos antigos. Na verdade, a palavra arqueologia deriva do grego e significa "conhecimento dos primórdios" ou "relato das coisas antigas". Tive inclusive em Janeiro de 2011 o privilégio de participar de uma escavação arqueólogica em Israel e digo com toda a certeza que arqueologia não é Indiana-Jones. A arqueologia tem, nos últimos anos, alargado seu campo de ação para o estudo da cultura material de qualquer época, passada ou presente. A arqueologia industrial, por exemplo, estuda construções e objetos ligados à indústria, no passado e no presente. A arqueologia histórica constitui outro exemplo do estudo do passado recente e do próprio presente, pela arqueologia contemporânea. Mas existe uma outra parte da arqueologia divulgada muito mais nas últimas décadas pela quantidade de achados que estão ajudando a sua teoria a ser comprovada:A arqueologia bíblica.
A arqueologia bíblica estuda restos materiais relacionados direta ou indiretamente com os relatos bíblicos e com a história das religiões judaico-cristãs. E é sobre a sua relação com a veracidade histórica de Cristo que iremos falar hoje neste artigo.
Jesus existiu?
"Flávio Josefo (37-100 d.C), um historiador judeu que se aliou aos romanos, escreveu um clássico tratado sobre a história dos judeus, desde os primórdios até o primeiro século d.C., período em que ele mesmo vivera. Ele menciona nominalmente Jesus em pelo menos 3 ocasiões, embora a última seja reconhecidamente uma interpolação tardia e, portanto, não merece ser avaliada.
Mas, numa designação muito clara do ministério de Jesus, ele escreveu:
'Por esse tempo, surgiu Jesus, homem sábio (se é que na realidade se pode chamar de homem). Pois era obrador de feitos extraordinários e mestre dos homens que aceitam alegremente coisas estranhas. Ele arrastou após si muitos judeus e muitos gregos. Era considerado o Messias. Embora Pilatos, por acusações de nossos chefes, O condenasse à cruz, aqueles que O tinham amado desde o princípio não cessaram de proclamar que, passado o terceiro dia, Ele apareceu-lhes novamente vivo. Os profetas de Deus tinham respeito por Ele. Ademais, até o presente, a estirpe dos cristãos, assim chamada por referência a Ele, não cessou de existir.' "
Nesse texto podemos ver claramente a visão de Josefo sobre o mestre e seus milagres. Ele não era seu seguidor e portanto não teria porque repetir o testemunho de seus feitos. Josefo, provavelmente não teria visto pessoalmente nenhum dos milagres (ele nasceu depois de sua morte), mas conheçeu testemunhas pessoais dos fantásticos acontecimentos relacionados ao ministério dEle.
Mas, será que existe algum relato romano sobre cristo?
O historiador Tácito que, por volta do ano 115 mencionou o incêndio de Roma de 64 d.C. e mencionou a perseguição de Nero aos cristãos e o nome de Cristo que, segundo ele, não era um título mas um nome.
Os essênios e o Cristianismo
Seguindo o entusiasmo inicial provocado pela descoberta dos rolos do Mar Morto e a publicação das obras principais dos essênios, vários estudiosos procuraram estabelecer paralelos entre as idéias religiosas e as práticas dos essênios e a igreja cristã primitiva.
Mas se há alguma semelhança entre os ensinos de cristo e a seita, é porque ambos remontam à mesma fonte: o velho testamento.
Não há nenhuma evidência de contato entre Jesus e a comunidade de Qumram, por outro lado, João Batista, durante sua longa permanência no deserto poderia ter algum contato com os essênios. Isto não quer dizer que João aprendeu algo com os essênios.
Os Essênios não eram os únicos a advogar uma vida de ceticismo ou a praticar o batismo. Se João partilhava com os essênios a expectativa do Messias, a qual se considerava o precursor, havia inúmeros outros israelitas que acariciavam a mesma esperança. Convém mostrar que em contraste com os essênios que viviam no deserto, João dirigia sua palavra a todos e não apenas a uma elite espiritual. Além disso, o batismo realizado por João era feito uma só vez e não várias vezes como os essênios faziam.
Baixo império-romano: o início da perseguição
Jesus pregou suas idéias durante o governo de Otávio Augusto (27 a.C. - 14 a.C). Após a morte de Jesus, as idéias cristãs se propagaram por todo o império, conquistando um considerável número de adeptos.
Mas porque a propagação do cristianismo tornou-se um problema para Roma?
As idéias defendidas por Cristo eram completamente opostas a religiao romana, inclusive colocando em dúvida o caráter divino do imperador. O cristianismo foi abraçado pela maioria da população, especialmente por escravos , que se identificaram com o princípio de igualdade entre os homens diante de um único Deus.
ICHTUS?
Se você pensa que a cruz de cristo é o símbolo cristão mais antigo, está errado. Na verdade a cruz nem símbolo cristão é.
A cruz, era um dos métodos mais cruéis e brutais de morte criado pelos romanos, o que não se adapta muito a uma religião que prega o amor de uns aos outros, não acha?
O peixe, o verdadeiro símbolo cristão. Os cristão primitivos usavam o desenho de um peixe como código de identificação. A palavra ICHTUS, "peixe" em grego, servia para traduzir a expressão Jesus (Iesous) Cristo (CHristos) Filho de Deus (THeou Uios) Salvador (Sôter). Preste atenção nas iniciais em negrito.
A Destruição de Jesrusalém
Lucas 21:6 Quanto a estas coisas que vedes, dias virão em que não se deixará pedra sobre pedra, que não seja derrubada.
No ano de 66 d.C. a revolta judaica começou inicialmente devido a tensões religiosas entre gregos e judeus com protestos anti-taxações e ataques a cidadãos romanos. Terminou quando as legiões romanas sob o comando de Tito sitiaram e destruíram o centro da resistência rebelde em Jerusalém e derrotaram as restantes forças judaicas.
Segundo Josefo, os romano ficaram horrorizados ao verem que com o cerco "mães se alimentavam da carne de seus próprios filhos para poderem sobreviver". As pessoas pensaram que se refugiando no templo estariam a salvo já que a ordem de Tito era de não o destruir. Mas um soldado no quente da batalha atirou uma flecha flamejante no templo e assim segundo Josefo, o sangue escorria pelas paredes como água. O templo era feito de ouro e os soldados no dia seguinte tentaram tirar o ouro de dentro das pedras e assim a profecia acaba se cumprindo. Outra vez, as muralhas e o templo de Jeová (que o rei Herodes ampliara e embelezara, tornando-o portentoso) foram destruídos, e o resto da cidade voltou a ficar em ruínas.
Conclusão
Por mais que arqueologia possa provar a veracidade do Jesus histórico, nada vai mudar em sua vida se você não tiver fé e acreditar que sua vida pode ter um rumo diferente. "Ele há de voltar assim como prometeu e mesmo que a arqueologia não possa 'provar' isso, podemos verificar nos rastros do passado as evidências e os passos de um Deus que se aproxima. Vislumbrar Sua face entre as nuvens e anjos no céu será, sem dúvida, o maior de todos os achados!"
Wesley Alfredo G. de Arruda é estudante,fascinado por Arqueologia e também pela Bíblia. Visitou diversos sítios arqueológicos no mundo como na Jordânia (Numeira e Bab Edh-ra) e no Egito (Saqqara, Giza). Também foi colaborador de um projeto de pesquisa israelense, o Temple Mount Sifting Project, localizado em Jerusalém.
Arqueologia Subaquática
TEÇA FEIRA 24 DE DEZEMBRO 2013
A arqueologia subaquática vêm ganhando espaço graças ao desenvolvimento de equipamentos leves para mergulho e outras tecnologias que auxiliam a pesquisa arqueológica nas profundezas dos oceanos, mares, etc.
O início da exploração
Leonardo Da Vinci já planejava equipamentos para expedições submarinas. O oceano sempre atraiu o homem, o desejo de explorar os abismos submersos sempre foi fixação. Em 1535 Francesco de Marchi mergulhou para recuperar uma caixa de madeira e um visor de cristal, ambos provenientes de um navio romano. Os anos se passaram e os equipamentos de mergulho foram se aperfeiçoando. No ano de 1950 o arqueólogo Nino Lamboglia supervisionou a recuperação das ânforas do navio Romano Albenga, ele contou com o auxílio de um balde mecânico. Já em 1952, ocorreu a primeira escavação submarina.
A pesquisa arqueológica sob os oceanos e mares
O desenvolvimento de equipamentos leves de mergulho permitiu aos arqueólogos estenderem suas pesquisas ao fundo do mar, onde usam métodos adaptados do trabalho em terra. A maioria destes pesquisadores busca restos de navios naufragados. As águas, contudo, também escondem edifícios e até cidades inteiras! O passado foi sendo redescoberto a cada novo artefato que subia das profundezas, tornando-se alvo dos olhares aguçados do pesquisadores.
Aqui no Brasil a pesquisa arqueológica subaquática ainda não é muito desenvolvida, algumas poucas pesquisas são realizadas na costa do país, entre estas, podemos citar: os estudos do Galeão Sacramento, no estado nordestino da Bahia, as pesquisas no Galeão São Paulo, que foi a pique em 1652, perante ao Caboo de Santo Agostinho (Pernambuco), por fim, seria interessante falar do encouraçado Aquidabã (na baia da Ilha Grande).
Muitos acreditam estarem fazendo verdadeiras pesquisas subaquáticas, enquanto não passam de salteadores ou depredadores das embarcações que jazem nas profundezas. Estas pessoas realizam expedições e recolhimento de materiais sem o devido rigor científico, nenhuma metodologia é aplicada e a conservação dos achados é precária. Muitos artefatos arqueológicos provenientes da costa brasileira estão sendo comercializados no mercado negro; peças como jóias e pratarias da embarcação Príncipe das Astúrias em Ilhabela, canhões de bronze do galeão São Paulo e porcelana saqueada do galeão Santíssimo Sacramento. Mas, aos poucos a arqueologia submarina vêm ganhando espaço, a USP (Universidade de São Paulo), oferece mestrado e doutorado nesta área.
O início da exploração
Leonardo Da Vinci já planejava equipamentos para expedições submarinas. O oceano sempre atraiu o homem, o desejo de explorar os abismos submersos sempre foi fixação. Em 1535 Francesco de Marchi mergulhou para recuperar uma caixa de madeira e um visor de cristal, ambos provenientes de um navio romano. Os anos se passaram e os equipamentos de mergulho foram se aperfeiçoando. No ano de 1950 o arqueólogo Nino Lamboglia supervisionou a recuperação das ânforas do navio Romano Albenga, ele contou com o auxílio de um balde mecânico. Já em 1952, ocorreu a primeira escavação submarina.
A pesquisa arqueológica sob os oceanos e mares
O desenvolvimento de equipamentos leves de mergulho permitiu aos arqueólogos estenderem suas pesquisas ao fundo do mar, onde usam métodos adaptados do trabalho em terra. A maioria destes pesquisadores busca restos de navios naufragados. As águas, contudo, também escondem edifícios e até cidades inteiras! O passado foi sendo redescoberto a cada novo artefato que subia das profundezas, tornando-se alvo dos olhares aguçados do pesquisadores.
Aqui no Brasil a pesquisa arqueológica subaquática ainda não é muito desenvolvida, algumas poucas pesquisas são realizadas na costa do país, entre estas, podemos citar: os estudos do Galeão Sacramento, no estado nordestino da Bahia, as pesquisas no Galeão São Paulo, que foi a pique em 1652, perante ao Caboo de Santo Agostinho (Pernambuco), por fim, seria interessante falar do encouraçado Aquidabã (na baia da Ilha Grande).
Muitos acreditam estarem fazendo verdadeiras pesquisas subaquáticas, enquanto não passam de salteadores ou depredadores das embarcações que jazem nas profundezas. Estas pessoas realizam expedições e recolhimento de materiais sem o devido rigor científico, nenhuma metodologia é aplicada e a conservação dos achados é precária. Muitos artefatos arqueológicos provenientes da costa brasileira estão sendo comercializados no mercado negro; peças como jóias e pratarias da embarcação Príncipe das Astúrias em Ilhabela, canhões de bronze do galeão São Paulo e porcelana saqueada do galeão Santíssimo Sacramento. Mas, aos poucos a arqueologia submarina vêm ganhando espaço, a USP (Universidade de São Paulo), oferece mestrado e doutorado nesta área.
Arqueóloga encontra muros da antiga cidade de Jerusalém que podem ter sido construídos por Salomão
Fotografias disponíveis no seguinte link:
terça feira 24 de dezembro de 2013
Figura 1 – Arqueóloga Eilat Mazar com o muro de Salomão ao fundo. (A fonte de todas as imagens está citada ao final)
Jerusalém, 22 de fevereiro de 2010 - Uma seção de um muro da cidade antiga de Jerusalém, do século X a.C. - possivelmente construído pelo rei Salomão - foi revelado em escavações arqueológicas dirigida pela Dra. Eilat Mazar e conduzido sob o apoio Universidade Hebraica de Jerusalém.
A seção da muralha da cidade revelada, possui 70 metros de comprimento e 6 metros de altura, está localizado na área conhecida como Ofel, entre a cidade de Davi e na parede sul do Monte do Templo.
Também foram descobertas no complexo da muralha da cidade:
- uma portaria interna de acesso para as quartas real da cidade;
- uma estrutura real junto ao portão;
- uma torre de canto com vista para uma parte substancial do vale do Cedrom e adjacentes.
As escavações na área Ofel foram realizadas ao longo de um período de três meses com os financiamentos concedidos por Daniel Mintz e Berkman Meredith, um casal de Nova York interessados em Arqueologia Bíblica. O financiamento suporta tanto a conclusão das escavações arqueológicas e processamento e análise dos achados, bem como trabalhos de conservação e preparação do local para a visualização por parte do público dentro do Parque Arqueológico Ofel e do parque nacional em torno das muralhas de Jerusalém.
As escavações foram realizadas em cooperação com a Autoridade de Antiguidades de Israel, Autoridade Israelense de Natureza e Parques e a Companhia de Desenvolvimento de Jerusalém Oriental. Contou com o auxílio de alunos do curso de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém, bem como alunos voluntários das Herbert W. Armstrong College, em Tulsa, Oklahoma, e trabalhadores contratados para participaram nos trabalhos de escavação.
"O muro da cidade que foi descoberta uma testemunha a presença dominante. Sua força e sua forma de construção indicam um alto nível de engenharia ", disse Mazar.
O muro da cidade fica no extremo leste da área de Ofel, numa localização estratégica no alto a oeste do vale do Cedrom.
"Uma comparação entre esta última descoberta com muralhas e portões do período do Primeiro Templo, assim como a cerâmica encontrada no local, nos permitem postular com um grande grau de certeza de que a parede que foi revelado é o que foi construído pelo rei Salomão, em Jerusalém, na última parte do século X aC ", disse Mazar.
"Esta é a primeira vez que uma estrutura a partir desse momento verificou-se que pode se relacionar com descrições escritas de construção de Salomão, em Jerusalém", acrescentou ela.
A Bíblia nos diz que Salomão construiu - com o auxílio dos Fenícios, que foram os construtores em circulação - o Templo e seu novo palácio e cercado deles com uma cidade, muito provavelmente ligado à parede mais antigas da cidade de Davi. Mazar cita especificamente o terceiro capítulo dos primeiros livros dos Reis, onde se refere que:
Até que acabasse de edificar a sua casa, e a casa do SENHOR, e a muralha de Jerusalém em redor.” (I Reis 3:1)
Os 6 metros da portaria alta do complexo ao ar livre do muro da cidade é construído no estilo típico daqueles da época do Primeiro Templo como Megido, Beersheva e Ashdod. Tem plano simétrico de idêntica quatro pequenas salas, duas de cada lado do corredor principal. Também houve uma torre, grande adjacente, cobrindo uma área de 24 por 18 metros, que se destinava a servir como uma torre de vigia para proteger a entrada da cidade. A torre situa-se hoje sob a estrada nas proximidades e ainda precisa ser escavado. Durante o século XIX o Arqueólogo britânico Charles Warren, havia realizado uma vistoria no subsolo da área, e descreveu pela primeira vez o esboço da grande torre em 1867, mas sem atribuí-la à época de Salomão.
"Parte do complexo do muro da cidade serviu como espaço comercial e parte como centrais de segurança", explicou Mazar.
O que confirma o costume daquele povo, conforme podemos ver, por exemplo, quando Boaz procurou resgatar Rute às portas da cidade.
Enquanto isso, Boaz subiu à porta da cidade e sentou-se, exatamente quando o resgatador que ele havia mencionado estava passando por ali. Boaz o chamou e disse: “Meu amigo, venha cá e sente-se”. Ele foi e sentou-se.Boaz reuniu dez líderes da cidade e disse: “Sentem-se aqui”. E eles se sentaram.” (Rute 4:1-2 NVI)
Dentro do pátio da grande torre havia difundido atividades públicas, disse ela. Ele serviu como um ponto de encontro do público, como um lugar para a realização de atividades comerciais e de culto, e como um local para as atividades econômicas e jurídicas.
Cacos de cerâmica descoberto no preenchimento do piso inferior do edifício real perto da portaria também atestam que a datação do complexo é do século X a.C. O que foram encontradas no chão eram restos de jarros de armazenagem, com cerca de 1,15 metros de altura, que sobreviveu a destruição pelo fogo e que foram encontrados em quartos que aparentemente serviu de área de armazenagem no piso térreo do edifício. Em um dos frascos há uma inscrição em hebraico antigo parcial indicando que pertencia a um alto funcionário do governo de nível superior.
"Os frascos que foram encontrados são os maiores já encontrados em Jerusalém", disse Mazar, acrescentando que "a inscrição que foi encontrada em um deles mostra que ela pertencia a um funcionário do governo, aparentemente, a pessoa responsável por supervisionar o fornecimento de produtos de padaria para a corte real. "
Além dos cacos de cerâmica, estatuetas de culto também foram encontradas na área, assim como as impressões de selos na jarra lida com a palavra "ao rei", que atestem a sua utilização dentro da monarquia. Também foram encontrados impressões de selos com os nomes hebraicos, também indicando a natureza real da estrutura. A maioria dos pequenos fragmentos descobertos vieram de peneiração húmida intrincada feito com a ajuda do Projeto de Restauração Monte do Templo, dirigido pelo Dr. Gabriel Barkai e Zweig Zachi, sob o patrocínio da Autoridade Israelense de Parques e da Natureza e da Fundação Ir David.
Entre a grande torre na entrada da cidade e do edifício real os arqueólogos descobriram uma seção da torre de canto que é de 8 metros de comprimento e 6 metros de altura. A torre foi construída em pedra talhada de invulgar beleza.
A leste do edifício real, uma outra seção da muralha da cidade que se estende por cerca de 35 metros também foi revelado. Esta seção é de 5 metros de altura, e é parte do muro que continua a nordeste e uma vez delimitada a área de Ofel.
Fotografias disponíveis no seguinte link:
Arqueólogos acham vestígios da Muralha de Jerusalém
Arqueólogos israelenses descobriram no Monte Sião vestígios da face sul da muralha que cercava Jerusalém no século 1 d.C., o que ajuda a entender um pouco mais da cidade pela qual caminharam personagens históricos como Jesus Cristo e Herodes.
Após um ano e meio de escavações, a Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA, em inglês) apresentou hoje em entrevista coletiva os resultados de um projeto que revelou partes da muralha que cercava a Cidade Santa durante a época do Segundo Templo (518 a.C. a 70 d.C.). O diretor da escavação, Yehiel Zelinger, afirmou que essa descoberta "permite ter uma idéia mais clara do que era Jerusalém naquela época, a de seu maior esplendor".
"Sabíamos que existiam restos da muralha e por onde passavam, mas nunca a tínhamos visto e agora estarão à vista de todos", acrescenta o estudioso, que diz que o muro tinha mais de três metros de altura. Sobre essa muralha da época do Segundo Templo apareceu outro muro do período bizantino (324 d.C. a 640 d.C.).
"O fato de haverem duas muralhas de diferentes épocas uma sobre a outra nos faz pensar que seguem uma linha topográfica para proteger o centro da cidade", declarou Zelinger, para quem esta informação "oferece esperanças de que também serão encontrados vestígios da muralha na época do Primeiro Templo (o de Salomão, destruído em 587 a.C.)".
Os restos da parte sul da muralha da Cidade Santa já foram escavados há cerca de 120 anos pelo arqueólogo britânico Frederick Jones Bliss, que encontrou os muros através de túneis, que, com o passar do tempo, voltaram a encher de terra. Através de um estudo de referências cruzadas entre os mapas da escavação britânica e as plantas atuais da cidade, os arqueólogos da IAA determinaram onde estavam os túneis e voltaram a escavar a região, na qual encontraram vestígios da primeira escavação, como um sapato e pedaços de garrafas de cerveja e vinho de mais de um século.
Após um ano e meio de escavações, a Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA, em inglês) apresentou hoje em entrevista coletiva os resultados de um projeto que revelou partes da muralha que cercava a Cidade Santa durante a época do Segundo Templo (518 a.C. a 70 d.C.). O diretor da escavação, Yehiel Zelinger, afirmou que essa descoberta "permite ter uma idéia mais clara do que era Jerusalém naquela época, a de seu maior esplendor".
"Sabíamos que existiam restos da muralha e por onde passavam, mas nunca a tínhamos visto e agora estarão à vista de todos", acrescenta o estudioso, que diz que o muro tinha mais de três metros de altura. Sobre essa muralha da época do Segundo Templo apareceu outro muro do período bizantino (324 d.C. a 640 d.C.).
"O fato de haverem duas muralhas de diferentes épocas uma sobre a outra nos faz pensar que seguem uma linha topográfica para proteger o centro da cidade", declarou Zelinger, para quem esta informação "oferece esperanças de que também serão encontrados vestígios da muralha na época do Primeiro Templo (o de Salomão, destruído em 587 a.C.)".
Os restos da parte sul da muralha da Cidade Santa já foram escavados há cerca de 120 anos pelo arqueólogo britânico Frederick Jones Bliss, que encontrou os muros através de túneis, que, com o passar do tempo, voltaram a encher de terra. Através de um estudo de referências cruzadas entre os mapas da escavação britânica e as plantas atuais da cidade, os arqueólogos da IAA determinaram onde estavam os túneis e voltaram a escavar a região, na qual encontraram vestígios da primeira escavação, como um sapato e pedaços de garrafas de cerveja e vinho de mais de um século.
Escavando a verdade
Há uma história feita de pessoas e fatos que marcaram lugar no mundo. Há outras histórias contadas apenas em livros ou no relato do povo. Qual delas é real e qual é inventada? Poderia a ficção ser distinta da realidade ao se narrar a saga de como chegamos a ser o que somos? Sem as marcas do passado, em esculturas, lápides, artefatos e fragmentos desenterrados, ficção e realidade seriam fios inseparáveis do mesmo tecido. Embora os achados arqueológicos sejam pequenas peças no quebra-cabeça dos mistérios da antiguidade, eles trouxeram à tona fatos há séculos soterrados.
Mas até que ponto as conclusões baseadas em pedaços de cerâmica ou tabletes de argila com uma escrita remota podem redefinir o que conhecemos do mundo? Israel Finkelstein e Neils Asher Silberman, especialistas em Arqueologia, respondem. Eles acreditam que é possível derrubar deuses do Olimpo e implodir dogmas da fé. Recentemente, esses estudiosos tiveram seu livro lançado no Brasil, com o título E a Bíblia Não Tinha Razão. A pergunta que se segue é: esses autores têm razão? A narrativa bíblica seria tão quimérica quanto qualquer obra de ficção? Como diferenciar ciência arqueológica da arqueologia rocambolesca, ao estilo Indiana Jones? Vamos às evidências.
Criação e dilúvio –
Diz a Bíblia que no princípio Deus criou os céus e a Terra. Depois, o dilúvio quase acabou com tudo, restando Noé, sua família e seus animais, protegidos da catástrofe em uma arca de madeira. Por vários anos, acreditou-se que as histórias da criação e do dilúvio universal eram lendas apenas dos judeus. Porém, escavações nas ruínas de Nínive, antiga capital do Império Assírio, apresentaram ao mundo os documentos da biblioteca real de Assurbanipal II, que viveu no sétimo século a.C. Duas epopéias importantes na literatura do Antigo Oriente Médio foram encontradas em seus registros. São elas: Enuma Elish, um relato sobre a criação, e Gilgamesh, uma versão do dilúvio.
A semelhança desses relatos com a versão bíblica é impressionante. Em ambos os relatos os personagens principais são avisados por uma divindade que uma grande destruição estava prestes a vir e que um barco deveria ser construído para sua proteção. Esse fato revela que os judeus não inventaram tais histórias. Embora os tabletes da biblioteca real sejam do sétimo século a.C., o texto é muito antigo. Alguns sugerem que os escritores hebreus simplesmente copiaram estas histórias e as batizaram com uma roupagem monoteísta. Todavia, a presença de narrativas semelhantes a estas em culturas tão diversas ao redor do mundo, como China, Índia e México nos sugerem que o mesmo evento foi a fonte para tais relatos. Como haveria surgido relatos tão semelhantes em lugares e culturas tão diferentes? É no mínimo intrigante.
Período Patriarcal
Qual seria sua reação se fosse encontrado um jornal da época de Juscelino Kubitschek afirmando que a moeda corrente na época era o real? É lógico que isso não seria levado a sério. E o que dizer das informações bíblicas sobre os pais da religião israelita como Abraão, Isaque e Jacó?
Diversos códigos legais foram encontrados em importantes cidades da Mesopotâmia, como Nuzi, Eshnuna, Mari e também em Babilônia, atual território do Iraque. Essas leis descobertas revelaram que os costumes mesopotâmicos no terceiro milênio a.C. são semelhantes àqueles encontrados nas histórias dos patriarcas da Bíblia. O Gênesis relata a intenção de Abraão adotar seu servo como herdeiro. Depois conta que ele teve relações sexuais com uma serva, indicada pela própria mulher, por ela ser estéril. As duas práticas correspondem exatamente às leis da época.
Além disso, nomes como Serug, Terá, Abraão e Isaque são comuns no terceiro e segundo milênios a.C. Curiosamente, eles desaparecem depois dessa época.
Êxodo
A miraculosa história da libertação dos israelitas do Egito também é considerada uma peça literária, criada por judeus levados cativos para Babilônia, por volta do ano 600 a .C. De fato, nenhum arqueólogo encontrou qualquer documento egípcio que mencione o nome de Moisés ou a travessia do Mar Vermelho. Mas a ausência de um registro egípcio sobre o êxodo não é de se estranhar, principalmente em relação a uma derrota tão humilhante. Os egípcios não seriam os primeiros nem os últimos a suprimir passagens autodepreciativas da história.
Ainda assim, há evidências arqueológicas que devem ser consideradas. O papiro de Ipwer, datado de aproximadamente 1400 a .C., menciona diversas tragédias no país dos faraós, inclusive o Nilo transformando-se em sangue, conforme conta o Êxodo. Outra evidência é a estela do faraó Merneptah, uma pedra polida do tamanho aproximado de uma porta que traz a inscrição mais antiga com o nome Israel. Ali, os hebreus são definidos como um povo nômade e inimigo do Egito, por volta de 1220 a .C.
Deve-se lembrar também que o pano de fundo da narrativa bíblica do êxodo é egípcio. Há uma infinidade de nomes egípcios nesta parte do Antigo Testamento. Diversas palavras hebraicas usadas pelo autor têm sua origem em termos do antigo egípcio. Sendo que o apogeu da língua egípcia na região ocorreu em meados dos anos 1500-1100 a .C., e não em 600 a .C., parece mais razoável aceitar que esta história deve ter sido escrita por volta de 1400 a .C., e não inventada no cativeiro babilônico quase mil anos depois, em um ambiente caldeu.
Monarquia
A existência de um império israelita, como descrito pela Bíblia, é mais uma fonte de dúvida para estudiosos. Mesmo porque, segundo alguns, a população da Palestina no décimo século a.C. não era muito significativa. Um dos proponentes desta visão é Philip Davies, acadêmico da Universidade de Sheffield. Para ele, Davi não é mais histórico que o rei Artur e os cavalheiros da Távola Redonda!
A lacuna das evidências, porém, começou a ser preenchida, em 1994. Nesse ano, o arqueólogo Avraham Biran encontrou em Tel Dan , norte de Israel, um fragmento de uma inscrição comemorativa, com a expressão hebraica bytdwd. A expressão significa literalmente “casa de Davi”. Pela primeira vez, o nome Davi foi encontrado num documento fora da Bíblia.
Os nomes de vários reis do período da monarquia dividida de Israel também foram desenterrados pelos arqueólogos em documentos das nações vizinhas. O “obelisco negro de Salmanazar III”, por exemplo, menciona o nome do rei Jeú, que governou Israel durante 28 anos. Já o Prisma de Taylor, descoberto em 1830, cita o nome de Ezequias (Khazakiau), rei de Judá, e o nome da capital do reino, Jerusalém (Ursaliimu).
Exílio Babilônico
Babilônia, Nabucodonosor e Belsazar eram também considerados elementos do universo da ficção, sendo reabilitados ao mundo real por achados arqueológicos. Em meados de 1899, o alemão Robert Koldewey escavou as ruínas de Babilônia. Com a descoberta das ruínas desta grande cidade, uma infinidade de textos cuneiformes foram encontrados e traduzidos. Nestes tabletes são mencionados os nomes Nabukudurriusur (Nabucodonosor) e Belsharusur (Belsazar).
Novo Testamento
Da mesma forma que muitas histórias do Antigo Testamento contêm evidências palpáveis de sua autenticidade, os relatos do Novo Testamento têm demonstrações fora da Bíblia de que suas histórias correspondem aos fatos.
Até a década de 1950, o que se conhecia sobre Nazaré era o que os evangelhos diziam. A informação parecia no mínimo duvidosa. Nenhuma outra literatura mencionou uma cidade com esse nome até o sexto século d.C. Conclusão: os escritores cometeram um erro crasso. Poucos anos depois, em 1955, o arqueólogo italiano Berlamino Bagatti encontrou as ruínas da antiga Nazaré, que no primeiro século da era cristã não tinha mais de 700 habitantes. O mesmo pode se dizer de Cafarnaum e outras cidades mencionadas nos quatro evangelhos.
A historicidade de diversos nomes mencionados no texto dos evangelhos também foi confirmada através de fontes arqueológicas. Pilatos, Caifás, João Batista e Herodes são apenas alguns exemplos. Recentemente, a tumba deste último personagem, o rei Herodes, foi encontrada pelo arqueólogo Ehud Netzer, em Jerusalém.
Muitas práticas descritas nos evangelhos são mais uma vez confirmadas hoje. O censo romano, os valores monetários e aquilo que os romanos chamavam de crurifragium, o ato de se quebrar as pernas do crucificado para apressar sua morte, são alguns exemplos destas confirmações.
Caminhos que se cruzam
Na realidade, a crença cristã é anterior aos achados arqueológicos e não depende deles para existir. Por outro lado, a ciência arqueológica é independente da revelação e trabalha dentro de seus próprios métodos. Mas em vez desses dois caminhos se oporem, vimos que muitas vezes eles se cruzam e o peso das evidências se une à realidade da revelação.
Pensando nisso, os cristãos não pretendem ter provas para todas as dúvidas da Bíblia, mas também sabem que sua fé não é uma ficção irracional. Há dúvidas, mas também evidências. Michael Hasel, arqueólogo americano, disse certa ocasião: “Somente uma fração da evidência sobrevive debaixo da terra. Somente uma fração dos possíveis sítios arqueológicos tem sido localizada. Somente uma fração dos sítios localizados tem sido escavados. Somente uma fração destes sítios escavados tem sido estudada na íntegra. Somente uma fração do que tem sido escavado tem sido detalhadamente examinada e publicada. E somente uma fração do que tem sido examinado e publicado faz uma direta contribuição ao estudo da Bíblia”. Mais de uma vez, quando esses fragmentos foram achados e estudados, chegou-se à conclusão de que a Bíblia estava com a razão.
Um Livro antigo e os anões
“Sam, poderia nos contar a parábola do bom samaritano?”, perguntou o pastor responsável por entrevistar o jovem que desejava se tornar ministro. Sam começou a contá-la: “Um homem estava viajando de Jerusalém para Jericó e ele caiu no meio dos espinheiros. Aconteceu que ele perdeu o dinheiro. Então, ele se dirigiu à rainha de Sabá, e ela lhe deu mil talentos de ouro e uma centena de vestes. O homem tomou uma carruagem e dirigiu ferozmente. Enquanto ele dirigia, seu cabelo ficou preso numa árvore. Ele ficou pendurado lá muitos dias e os corvos trouxeram comida para ele comer e água para beber. Mais tarde, quando novamente estava faminto, ele comeu cinco pães e dois pequenos peixes. E uma noite, enquanto ele estava dormindo, pendurado ali, sua esposa Dalila veio e cortou seu cabelo, e ele caiu em um solo pedregoso. Nisso, começou a chover por quarenta dias e quarenta noites, até que ele entrou numa caverna e sobreviveu comendo gafanhotos e mel silvestre. Então, ele encontrou um servo de Deus que disse: ‘Venha jantar em minha casa’, mas ele começou a dar desculpas e respondeu: ‘Não, eu não vou. Casei-me com uma mulher e não posso ir.’ Após ter sido pressionado pelo servo de Deus, ele foi. Logo depois do jantar, ele se dirigiu para Jericó. Chegando lá, ele viu a rainha Jezabel sentada numa janela, no alto. Ela riu desse homem o que o fez ordenar: ‘Joguem essa mulher para baixo.’ Eles a jogaram. O homem novamente disse: ‘Joguem-na para baixo.’ E eles a jogaram de novo, setenta vezes sete. Os restos que sobraram encheram doze cestas. Então eles lhe perguntaram: ‘Na ressurreição, de quem ela será esposa?’”
Apesar de criativa, essa não é a parábola do bom samaritano. Conhecimento superficial da Bíblia não era exatamente o problema desse jovem. Compreendê-la de maneira sensata e lógica era sua maior necessidade. Foi mais ou menos assim que imaginei os autores Alexandre Versignassi e Tiago Cordeiro, na matéria “A Bíblia como você nunca leu”, publicada na revista Superinteressante (junho de 2012). Sensatez e seriedade – e eu acrescentaria uma pitada de honestidade com os fatos – foi o que de fato não encontrei ao longo das páginas dessa reportagem.
Isolar um texto do seu contexto literário e histórico é algo no mínimo perigoso e irresponsável. O respeitado arqueólogo agnóstico William G. Dever, em sua obra What the Biblical Writers Know and When Did They Know it? [O que os Autores Bíblicos Sabiam e Quando eles Ficaram Sabendo?, em tradução livre] (Eisenbrauns, 2002), ataca ferozmente essa postura desconstrucionista de deixar o leitor com as rédeas do conteúdo lido, não o autor da obra. Esse comportamento tem sido visto em diversas áreas do saber, inclusive no que diz respeito à literatura sagrada judaico-cristã.
Usando uma palavra do vocabulário religioso, gostaria de dizer que a matéria da Super pecou em três aspectos:
Primeiro: muitos céticos e cristãos se esquecem de que as Escrituras foram produzidas há aproximadamente três milênios, foram escritas em outros idiomas (hebraico, aramaico e grego) e por pessoas com uma mentalidade bem diferente daquela a que estamos acostumados no mundo ocidental. O ateu Sam Harris pode ser um bom neurocientista, mas é alguém com pouquíssimo preparo para ser um intérprete bíblico, como pode visto em sua obra Carta a uma Nação Cristã (Cia. das Letras, 2007). Harris cometeu erros crassos comparando leis e regulamentos bíblicos com a sociedade pós-iluminista! Ciente desse tipo de comparação em seus dias, C. S. Lewis qualificou essa prática como “desdém cronológico”. Para que essas leis e regulamentos façam sentido, devemos compará-las com documentos do 3º e do 2º milênios antes de Cristo.
Segundo: a necessidade de uma diferenciação entre descrever e prescrever. Dizer que Lameque teve duas mulheres (Gn 4:19) não sugere que os que creem na Bíblia como Palavra de Deus imitem esse procedimento. Nem que os relatos de relações incestuosas nas páginas do Antigo Testamento devam ser imitados por nós hoje. Podemos extrair princípios positivos e negativos de cada uma das histórias, mas isso não implica em imitar o comportamento de seus personagens. Com isso não estou querendo amenizar o conteúdo de certas porções das Escrituras que são chocantes, em alguns momentos, mas apenas ressaltar o que essas porções de fato são: narrativas.
Terceiro: apesar de o título da matéria sugerir uma novidade nunca vista, muito já foi dito e escrito a respeito dos tópicos ali levantados, e é lamentável perceber como respeitados pesquisadores foram deixados de lado. Há pouco mais de um ano, foi lançada a obra Is God a Moral Monster? Making Sense the Old Testament God (Baker, 2011), de Paul Copan. São mais de duzentas páginas lidando com passagens difíceis do Antigo Testamento. Copan é cristão, mas será que automaticamente isso o desqualifica para ter suas opiniões contrastadas com as dos pesquisadores citados?
Vejamos como essas três considerações nos ajudam a entender os questionamentos levantados pela matéria de Alexandre Versignassi e Tiago Cordeiro.
Escravidão. Essa foi a primeira lei que Deus deu aos israelitas, quando eles saíram do Egito (cf. Êx 21:1-11). Na lei mosaica, sequestrar alguém para ser vendido como escravo era um crime punido com pena capital (Êx 21:16). Um escravo hebreu deveria trabalhar apenas seis anos para pagar sua dívida, sendo libertado no sétimo ano, sem pagar nada (Êx 21:2). Além disso, ele deveria receber de seu proprietário alguns animais e alimentos para recomeçar a vida (Dt 15:13, 14). Durante seu período de serviço, o(a) escravo(a) teria um dia de folga semanal, o sábado (Êx 20:10).
Notou alguma diferença entre a escravidão bíblica e aquela mantida em nosso país, há alguns séculos? A diferença também é significativa quando comparamos essas passagens bíblicas com o famoso Código de Hamurabi, rei de Babilônia, no 18º século a.C. Se algum escravo fugisse, ele deveria ser morto; enquanto em Israel esse escravo deveria ser protegido (Dt 23:15, 16). Proteger um escravo fugitivo, em Babilônia, era uma grande ofensa, também punida com morte, como evidenciado nas leis 15-20 do referido código.
Alguém pode questionar o motivo pelo qual Deus não aboliu a escravidão entre os israelitas. Lembre-se de que eles estavam inseridos numa cultura impregnada dessa prática. Mesmo que Deus a abolisse, isso não mudaria a forma como eles pensavam. A título de ilustração, imagine o árduo processo cultural para tornar a Arábia Saudita em uma democracia! Mesmo que essa mudança fosse feita, ainda levaria um bom tempo até que a mentalidade da nação fosse mudada. No entanto, a legislação israelita oferecia um tratamento muito mais humano para os escravos, colocando escravo e senhor em pé de igualdade (cf. Jó 31:13-15). No livro Is God a Moral Monster?, Copan se demora nesse assunto, demonstrando as diferenças positivas dessa atividade em Israel com o restante do Antigo Oriente Médio.
Juros. A matéria cita uma passagem inexistente: Deuteronômio 23:30. O texto correto é Deuteronômio 23:20, onde lemos: “Ao estrangeiro emprestarás com juros, porém a teu irmão não emprestarás com juros para que o Senhor, teu Deus, te abençoe em todos os teus empreendimentos na terra a qual passas a possuir.” A primeira impressão do texto é óbvia: “bênção” como resultado de um tratamento de exploração para um não israelita. O que os articulistas se esqueceram de notar é que o termo hebraico para estrangeiro, nessa passagem, é nokri, que está relacionado com alguém que estava em Israel para fazer negócios e não para viver nessa nação, como é o caso do vocábulo ger, também traduzido como estrangeiro na maioria das versões bíblicas. Em outras palavras, para aqueles que estavam em Israel com propósitos monetários, deveriam ser cobrados juros. Uma séria introdução para o assunto das finanças na Bíblia pode ser lida em Nem Riqueza, Nem Pobreza: As posses segundo a teologia bíblica (Esperança, 2009), escrita por Craig Blomberg, do Denver Theological Seminary, nos EUA.
Vinho. Existem várias palavras para vinho nas línguas originais do Antigo e do Novo Testamentos. Realmente, não é tão simples estabelecer com precisão quando a Bíblia está falando do puro suco de uva ou do vinho (fermentado). No entanto, de acordo com o erudito em Novo Testamento D. A. Carson, da Trinity Evangelical Divinty School, se alguém deseja ter uma ideia de como era tomar vinho nos tempos bíblicos, é necessário diluir uma medida de vinho em duas de água. É por isso que o Apocalipse faz menção da taça da ira de Deus “sem mistura” (Ap 14:8). Essa era a prática comum nos dias de Cristo. Quando não havia essa mistura e o vinho era bebido puro, era considerado “bebida forte”, como aparece em diversas passagens bíblicas.
No caso da Santa Ceia, a última refeição de Jesus com Seus discípulos, o que temos ali era suco de uva, já que naquele mesmo dia teve início a festa dos pães asmos, ou sem fermento, em que qualquer alimento ou bebida fermentada deveria ser retirado da casa dos israelitas por uma semana. Sendo judeu, dificilmente podemos imaginar Jesus tomando algo como nosso vinho tinto naquela ocasião.
Sexualidade. Para aqueles que afirmam a Bíblia tem uma visão estreita sobre a sexualidade, sugiro a leitura de Cântico dos Cânticos. Trata-se de um longo poema que descreve o amor entre um rei, isto é, Salomão, e sua amada, carregado de um belo simbolismo erótico. Ao longo dos oito capítulos, não se encontra em lugar algum a ideia do sexo para procriação, apenas como fonte de prazer. Esse conteúdo “surpreendente” levou diversos teólogos cristãos a fazerem uma leitura alegórica do livro, tentando, assim, apresentar um relacionamento entre Deus (o rei) e Sua igreja (a esposa). Após a reforma protestante no século 16, o livro de Cantares começou a ser analisado como ele é de fato: um poema amoroso. Uma excelente introdução ao assunto da sexualidade no Antigo Testamento por ser vista em The Flame of Yahweh: Sexuality in the Old Testament (Hendrickson, 2007), escrito por Richard Davidson, da Universidade Andrews (EUA).
A imagem da sexualidade que se obtém das páginas da Bíblia Hebraica foi sumarizada por Davidson nestes cinco itens: (1) a sexualidade foi criada por Deus; (2) a sexualidade é para casais; (3) a sexualidade representa igualdade; (4) a sexualidade é fonte de prazer; (5) a sexualidade revela a imagem de Deus. A influência católica a que fomos expostos não nos permite observar esses tópicos com naturalidade. No entanto, cada um desses assuntos pode ser apreciado numa leitura natural dessa obra de Salomão e dos dois capítulos iniciais de Gênesis.
Poligamia. Se essa (acima) é a imagem da sexualidade nas páginas da Bíblia, o que fazer com aqueles textos em que lemos sobre Davi e Salomão tendo várias mulheres? O exemplo citado na Super é o mais gritante: o harém de Salomão contava com setecentas mulheres (1Rs 11:3). A passagem também menciona que ele tinha trezentas concubinas. De acordo com James Hoffmeier, respeitado egiptólogo também da Trinity Evangelical Divinity School, nos EUA, quando um rei enviava sua filha para se casar com outro monarca, era comum enviar algumas servas com a noiva. Essa prática é recorrente nos tabletes de Tell-el-Amarna, descobertos no Egito, no século 19. É bem provável que estejamos vendo essa prática na vida de Salomão.
Independentemente disso, o fato é que uma leitura atenta das narrativas de homens que se envolveram na prática da poligamia demonstra não somente a desaprovação divina, mas também os fracassos resultantes. As histórias de heróis bíblicos que se aventuraram nessa prática, entre eles Abrãao, Jacó, Esáu, Gideão, Davi e o próprio Salomão, registram consequências desastrosas para os filhos e as gerações posteriores. É prudente se lembrar de que a frase “o homem segundo o coração de Deus” aplicada a Davi (1Sm 13:14), foi dada num período em que esse personagem provavelmente nem sequer era casado. Em momento algum os autores bíblicos endossaram a prática promíscua de Davi e dos homens citados anteriormente.
Homossexualidade. Mesmo se Davi tivesse tido relações íntimas com seu amigo Jônatas – o que não concordo –, é preciso se lembrar de que, pelo fato de a Bíblia narrar um incidente, isso não significa que ela o aprove. O motivo pelo qual as Escrituras mantêm opinião contrária às práticas homossexuais é simples: sexualidade é algo sagrado. Não podemos violá-la. Esse é o mesmo motivo pelo qual as Escrituras se opõem ao racismo: nossa etnia é sagrada, fomos feitos à imagem e semelhança de Deus (Gn 1:26). Remover o fundamento que se opõe à homossexualidade é também remover o fundamento segundo o qual não existem diferenças entre raças.
Puro e impuro. As leis de pureza e impureza não foram uma invenção da religião israelita. O acadêmico adventista Roy Gane, que estudou sob a tutela do falecido rabino Jacob Milgrom, uma das maiores autoridades sobre o livro de Levítico, demonstra claramente esse tipo de legislação ritual em todo o território do Antigo Oriente Médio em sua obra The NVI Application Commentary Leviticus and Numbers: From the biblical text... to contemparary life (Zondervan, 2004). De acordo com Gane, essas leis estavam relacionadas com vida (pureza) e morte (impureza). Tudo o que lembra morte, isto é, emissão de sangue, sêmen, tocar em um cadáver, lepra, etc. era considerado impureza. O Deus bíblico age de acordo com a realidade daqueles para quem Ele Se revela. Em lugar de simplesmente encerrar as práticas de sacrifícios, Ele instituiu um objetivo para o qual todos os sacrifícios de animais apontariam a partir daquele momento. A religião israelita era uma religião ritualística, e, como tal, encontrou seu cumprimento no ministério e na morte de Jesus Cristo, para quem quase todos os regulamentos apontavam.
Valorização da mulher. Ao contrário do que a matéria da Super apresentou, a Bíblia coloca a mulher numa posição elevada. Apenas a título de ilustração, ela é criada em igualdade com o homem, como evidenciado na expressão hebraica ‘ezer kenegdo (“auxiliadora idônea”, Gn 2:18), dando a ideia de um parte correspondente. Em Provérbios 31, a mulher é apresentada como desenvolvendo atividades de extrema importância, como escolha de um terreno para compra. No livro de Jó, onde há elementos linguísticos, geográficos e históricos que situam os eventos narrados durante o fim do 3º milênio a.C., as filhas de Jó recebem uma herança, assim como os filhos. Isso é inédito para aquela época. Jó está em desacordo com as leis da época, mas age como Deus agiria: com igualdade.
No Novo Testamento, a situação é ainda mais clara. A valorização da mulher por parte do fundador do cristianismo é algo fascinante. Em João 4, Ele conversa com uma mulher à luz do dia, prática essa totalmente desencorajada naquela sociedade. No relato de Sua ressurreição, a primeira pessoa a encontrá-Lo ressuscitado é uma mulher, Maria Madalena. O testemunho de uma mulher não era sequer levado a sério num tribunal, como atesta o historiador judeu do 1º século d.C. Flávio Josefo. Mesmo assim, a pessoa a quem Jesus resolveu Se mostrar após o evento que Lhe garantiu a vitória sobre a morte foi uma mulher.
Dizer que as mulheres deviam ser submissas aos maridos (Ef 5:22) é apenas uma parte da verdade. Existe uma responsabilidade masculina: “Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a Si mesmo Se entregou por ela” (Ef 5:25). Não há espaço para um comportamento tirânico por parte do homem. O respeito da esposa pelo marido deve ser balanceado com o amor incondicional do esposo pela esposa. Dificilmente pode-se ver machismo aqui.
A publicação desse artigo da Super me fez lembrar de uma história. C. S. Lewis, no livro A Última Batalha, o último da sua obra As Crônicas de Nárnia, descreve a maior crise já enfrentada pelos narnianos. Uma falsa representação de Aslam, o Grande Rei, minava a esperança no coração dos moradores de Nárnia. No entanto, o rei Tilian e duas crianças vindas de Londres estavam dispostos a lutar pela liberdade daquele país. Quando eles viram um grupo de anões sendo levados como escravos, renderam os guardas que os levavam e puseram em liberdade os prisioneiros. Em lugar de um sentimento de gratidão e da prontidão de lutar pelo verdadeiro Aslam, os anões se tornaram céticos quanto à existência do Leão. O que se ouviu foram frases carregadas de desprezo e indiferença em relação Àquele que fundara Nárnia. Apenas um dos anões se uniu ao grupo do rei Tilian. No fim da história, quando o próprio Aslam se revela, esses mesmos anões conseguem se tornar mais céticos. Belas violetas para eles são como palha. O local paradisíaco em que eles estão é somente escuridão na mente deles. Finalmente, o Leão lhes oferece um maravilhoso banquete, mas, ao comerem, pensavam estar comendo capim e bebendo água suja tirada do cocho de um jumento. Reclamações, injúrias era tudo o que eles conseguiam dizer. “Eles não nos deixarão ajudá-los”, disse Aslam. “Preferem a astúcia à crença”.
Os anões de Nárnia se parecem com a nossa sociedade ocidental. Não foi uma cosmovisão panteísta ou naturalista que nos trouxe ao patamar em que nos encontramos de tolerância e igualdade. O único fundamento que poderia ter proporcionado essa moldura moral que temos hoje é o teísmo judaico-cristão. Liberdade de consciência não foi uma contribuição do Iluminismo, mas, sim, da Reforma protestante do século 16. Mesmo assim, muitos se tornam vorazes combatentes da fé cristã e, como britadeiras, desejam destruir o fundamento sobre o qual estão em pé. O jornalista Matthew Parris, ateu e homossexual, foi claro em um dos seus artigos no jornal britânico The Times, afirmando que a África precisa de Deus. Quem sabe, em breve, vejamos alguém com essa sinceridade dizendo que nossa nação precisa de Deus.
O pensamento hebraico comparado ao grego
Na Antiguidade, dentre as várias cosmovisões existentes, duas, em especial, se destacavam. Grécia e Israel tinham modos bem distintos de pensar. É preciso admitir que os gregos deixaram uma herança muito rica para o Ocidente, nas artes, na ciência e na cultura. Sem eles, não seríamos o que somos hoje. No entanto, do ponto de vista religioso, a influência grega trouxe mais problemas do que vantagens. Se hoje temos tanta dificuldade para entender a Bíblia, em grande parte, isso se deve à nossa mente “helenizada” (é preciso lembrar que os autores bíblicos eram, em sua maioria, hebreus e que até o Novo Testamento, escrito em grego, reflete o modo hebraico de pensar). Daí a importância de entender mais a fundo a mentalidade hebraica antiga.
O objetivo deste artigo é relacionar, de modo sucinto, algumas das principais nuances do pensamento hebraico, comparando-as ao pensamento grego, que, via de regra, é também o pensamento ocidental.
Vale lembrar que nem todos os gregos e hebreus pensavam de maneira idêntica. Havia, dentro de cada cultura, diferentes ramificações quanto à religião e à filosofia. As características abaixo representam cada modo pensar de forma geral, sem levar em consideração as diferentes subdivisões.
Concreto x abstrato
No idioma hebraico antigo (língua predominante do Antigo Testamento), ao contrário do grego, as ideias eram muito mais concretas do que abstratas. Até conceitos abstratos, como os sentimentos, costumavam ser associados a algo concreto.
Em hebraico, a palavra “ira” ou “raiva”, por exemplo, é ’af (Êx 4:14), a mesma que é usada para “nariz” ou “narinas” (Jó 40:24). Mas o que tem que ver nariz com raiva? Geralmente, quem fica com muita raiva respira de modo acelerado, e as narinas se dilatam. Talvez esse seja o motivo concreto por trás da relação entre as duas palavras.
Outro exemplo desse concretismo hebraico é a palavra “fé”, ’emunah (Hc 2:4), que em vez de significar apenas crença ou aceitação mental – como no grego –, expressa também qualidades como firmeza, fidelidade e estabilidade. Ter fé, na visão hebraica, é se firmar em Deus, como uma estaca fincada no chão (ver Is 22:23, onde “firme” vem do verbo ’aman, a mesma raiz de ’emunah). Portanto, crer, do ponto de vista bíblico-hebraico, inclui também a ideia de se apegar a Deus e ser fiel.
Dinamismo x ócio
Na Grécia antiga, dava-se mais valor à falta de ocupação do que ao trabalho, principalmente entre os atenienses. Não ter que trabalhar e se dedicar apenas à contemplação e ao mundo das ideias era considerada a mais nobre das “atividades”. Já os hebreus eram um povo extremamente dinâmico e seu idioma refletia isso.
No português, como em outras línguas, o sujeito vem em primeiro lugar na frase, e o verbo, geralmente, é colocado logo em seguida. Exemplo: “Antônio obedeceu a seu pai.” Em hebraico, a ordem das palavras ficaria assim: “Obedeceu Antônio a seu pai.” Isso mostra o valor das ações para os hebreus.
Até substantivos que, para nós, não implicam necessariamente uma ação, para eles envolviam algum movimento. A palavra “presente” (ou “bênção”), berakah em hebraico (Gn 33:11), por exemplo, vem da raiz brk (“ajoelhar”), e significa “aquilo que se dá com o joelho dobrado”, fazendo referência ao costume de inclinar o corpo ao presentear alguém. A palavra “joelho”,berek (Is 45:23), por sua vez, significa, literalmente, “a parte do corpo que se dobra”.
O conceito hebraico de comunhão – “andar com Deus” (Gn 6:9; Mq 6:8) – também envolve movimento e significa manter um relacionamento constante com Ele. E a palavra “júbilo”,rwa‘ ou ranan (Sl 100:1; 149:5), significa “dar um grito retumbante de alegria”.
Para os hebreus, havia uma íntima relação entre aquilo que se fala e o que se faz. Entendia-se que a palavra de um homem deve corresponder às suas ações. Aliás, “palavra”, em hebraico, significa também “coisa” ou “ação”, dabar. Logo, dizer algo e não agir de acordo implicava mentira, falsidade.
Essência x aparência
Os gregos descreviam os objetos em relação à sua aparência. Os hebreus, ao contrário, consideravam mais a essência e função das coisas. Exemplo: Se nos mostrassem um lápis e nos pedissem para descrevê-lo, como seria nossa descrição? Provavelmente, diríamos: “O lápis é azul”, ou “é amarelo”; “tem ponta fina”, ou não; “é cilíndrico”, ou “é retangular”; “é curto”, ou “é comprido”; etc. Note que em todas essas características a ênfase está na aparência.
Um hebreu descreveria o mesmo lápis de forma bem mais simples e objetiva: “É feito de madeira, e eu escrevo palavras com isto.” Na cosmovisão hebraica, a essência das coisas e sua função eram mais importantes que a forma ou a aparência.
Por isso, os elogios de Salomão à sua amada no livro de Cantares parecem tão estranhos para nós, ocidentais. Dizer a uma mulher: “O teu ventre é [um] monte de trigo” (Ct 7:2) pode não soar bem hoje em dia. Mas, na cultura da época, a imagem do trigo trazia a ideia de fertilidade e fartura (função e essência), e ter muitos filhos era o sonho de toda mulher.
Outro exemplo é a descrição feita sobre a arca de Noé e o tabernáculo do Antigo Testamento (Gn 6:14-16; Êx 25-28). Qualquer um que lê o que a Bíblia diz a respeito dessas construções nota que há muito mais detalhes sobre a estrutura e os materiais empregados na confecção do que em relação à sua aparência.
Além de funcional e essencial, o estilo de descrição dos hebreus era também pessoal – o objeto era descrito de acordo com a relação dele com a pessoa. Ao descrever um dia ensolarado, em vez de dizer: “O dia está lindo”, um hebreu diria: “O sol aquece meu rosto!” Daí a descrição de Davi: “O Senhor é o meu pastor” (Sl 23:1).
Teoria x prática
Na cosmovisão grega, “saber” era mais importante do que “ser”. Para os gregos, sabedoria era o resultado sobretudo do estudo, da contemplação e do raciocínio. O conhecimento era essencialmente teórico, limitado ao mundo das ideias, e o mais importante era conhecer a si mesmo.
Para os hebreus, no entanto, o conhecimento era essencialmente prático. Conhecer era, principalmente, experimentar, se envolver com o objeto de estudo. O conhecimento de Deus era o mais importante, e a verdadeira sabedoria estava em saber ouvir, especialmente a Ele – “Ouve, ó Israel [...]” (Dt 6:4). Na mentalidade hebraica, “temer a Deus” é o primeiro passo para ser sábio (Sl 111:10; Pv 1:7).
Tempo x espaço
Quando queremos incentivar alguém a prosseguir, dizemos: “Bola pra frente!”, e quando queremos dizer que algo ficou no passado, falamos: “Ficou para trás.” Mas quem nos ensinou que o futuro está à nossa frente e o passado atrás? Possivelmente, os gregos. Eles tinham uma visão espacial do tempo, e nós herdamos isso.
Os hebreus (que valorizavam mais o tempo do que o espaço) enxergavam passado e futuro de modo diferente. Para eles, mais importante do que localizar o tempo de forma espacial era defini-lo em ações completas e incompletas (aliás, “completo” e “incompleto” são os nomes que se dá aos tempos verbais do hebraico).
Na mentalidade hebraica antiga, o passado (tempo completo) estava à frente (as palavrastemol e qedem, “ontem” ou “antigamente”, significam também “em frente”), e o futuro (tempo incompleto) estava atrás – mahar, “amanhã” ou “no futuro”, vem da raiz ’ahar, que significa, entre outras coisas, “ficar atrás”, ou “para trás”. (Veja Êx 5:14; Jó 29:2; Êx 13:14 e Dt 6:20.)
E por que eles entendiam o tempo assim? O pensamento hebraico era simples e direto. O passado já foi completado, por isso podemos olhar para ele como se estivesse diante dos nossos olhos. O futuro, porém, ainda está indefinido, incompleto, por isso, ainda é desconhecido e é como se estivéssemos de costas para ele.
História cíclica x linear
Os gregos viam o curso da história como uma espécie de roda gigante. Para eles, a história se repetia eternamente, num eterno vai e vem sem destino.
Para os hebreus, no entanto, a história era linear e climática. Deus foi quem a iniciou (Gn 1:1), e é Ele quem faz com que ela prossiga para um fim, um clímax, o chamado “Dia do Senhor” (yom Yahweh; Sf 1:7, 14; Jl 2:1; 2Pe 3:10). Mas essa descontinuidade da história será apenas o começo da eternidade (‘olam; Dn 12:2).
Deus x “eu”
Na cosmovisão grega, o “eu” (ego) era o centro de tudo. Diz a lenda que à entrada do Oráculo de Delfos, na Grécia Antiga, havia a frase “Conhece-te a ti mesmo”. Na cultura hebraica, por outro lado, Deus era o centro de todas as coisas. Os hebreus não dividiam a vida, como nós fazemos, em sagrada e secular. Para eles, essas duas áreas eram uma coisa só, sob o domínio de Deus.
Até mesmo as tarefas do dia a dia eram consideradas, de certa forma, sagradas. A palavra hebraica ‘abad – “servir” ou “adorar” (Sl 100:2) – pode ser também traduzida como “trabalhar”. Na lavoura, na escola ou no templo, a vida era vista como um constante ato de adoração (1Co 10:31; Cl 3:2; 1Ts 5:17). Para eles, a adoração era mais do que um evento, era um estilo de vida.
Pensamento corporativo x individualismo
Os gregos consideravam a individualidade um valor supremo e praticamente inegociável. Os hebreus, por sua vez, tinham uma “personalidade corporativa” e enfatizavam a vida em comunidade. Na cosmovisão hebraica, havia uma ligação inseparável entre o indivíduo e o grupo. A vitória de um era a vitória de todos, e o fracasso de um representava o de todos. Por isso, para os cristãos, se, por um lado, a falha de Adão lá no Éden representou nossa queda, por outro lado, a morte de Cristo na cruz dá a todos a oportunidade de salvação (1Co 15:22; Jo 3:16).
Amor: decisão x emoção
No mundo grego, o amor, em suas várias formas, se resumia muitas vezes a um mero sentimento. Na visão hebraica, porém, amor é mais que isso: é uma escolha (em Ml 1:2, 3 e Rm 9:13, “amar” e “odiar” são sinônimos de “escolher” e “rejeitar”). É algo prático, traduzido em ações – a Deus e ao próximo (Mt 22:35-40).
Paz: presença x ausência
No pensamento ocidental, paz depende das circunstâncias. É a ausência de guerras, problemas e perturbações. Mas para os hebreus, paz não implicava, necessariamente, ausência, e sim presença. Só a presença de Deus pode trazer bem-estar, segurança e felicidade – que são ideias contidas na palavra shalom (Jz 6:24).
Integral x dualista
Os gregos tinham uma visão dualista da realidade. Com base nos ensinamentos de Platão, acreditavam que havia dois mundos: o das ideias (ou do espírito) e o mundo real. De acordo com essa visão, o ser humano era formado por duas partes: espírito (ou alma) e corpo. Para eles, o corpo e as coisas materiais eram ruins, e apenas o “espírito” e as coisas do “além” podiam ser considerados bons. Assim, a morte, na verdade, seria a libertação da alma, que, enquanto estivesse no corpo, estaria presa ao mundo material.
Já os hebreus tinham uma visão integral da vida. Para eles, o ser humano era completo, indivisível. Na mentalidade hebraica, alma se refere ao indivíduo como um todo (corpo, mente e emoções). De acordo com Gênesis 2:7, nós não temos uma alma, nós somos uma alma, ou seja, seres vivos (nefesh hayyah, em hebraico). Ao contrário dos gregos, que criam na imortalidade do espírito, os hebreus acreditavam na mortalidade da alma e na ressurreição (Ez 18:4; Dn 12:1, 2).
Espiritualidade x misticismo
Para os gregos, espiritualidade era algo místico. Ser espiritual significava desprezar totalmente a matéria e se conectar ao “outro mundo”. Esse desprezo das coisas materiais variava entre dois extremos. Alguns, por exemplo, renunciavam completamente os prazeres físicos, tais como a alimentação e o sexo, a ponto de mutilar seus órgãos genitais. Outros, por outro lado, se entregavam a todo tipo de sensualidade e orgia. Ambos os comportamentos tinham como base a ideia de que o corpo é mau, e que, no fim das contas, o que importa mesmo é a “alma”.
Mas para a cosmovisão hebraica, o corpo foi criado por Deus, e por isso é sagrado. A Bíblia diz que “do Senhor é a Terra” (Sl 24:1). E enquanto criava o mundo, Deus viu que este “era bom” (Gn 1:10, 12, 18, 21) – e não mau, como acreditavam os gregos. Deus fez o mundo (as coisas materiais), e deu ao ser humano a responsabilidade de cuidar dele.
Para os hebreus, portanto, espiritualidade tinha que ver, sim, com esta vida. Na cosmovisão bíblica, não é preciso se isolar em um monastério, recorrer à meditação transcendental ou entrar num estado de transe para atingir “o mundo superior”. É possível ser “santo” e desenvolver a espiritualidade no dia a dia, nas situações comuns da vida e no trato diário com as pessoas (Lv 20:7; 1Pe 1:16).
Conclusão
Embora devamos muito aos gregos como herdeiros de sua cultura, é fundamental que adotemos uma perspectiva hebraica ao estudar as Escrituras, a fim de que nossa hermenêutica se aproxime ao máximo do modo de pensar dos autores bíblicos, bem como do sentido original do texto.
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